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Opositor cubano ataca Fidel, EUA e governo Lula
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Os dissidentes cubanos têm
de defender-se da repressão do
regime totalitário do ditador
Fidel Castro e dos erros cometidos pelos EUA, como as medidas para acelerar a transição.
A afirmação é do dissidente
Elizardo Sánchez, presidente
da Comissão Cubana de Direitos Humanos, que também criticou o governo brasileiro.
Folha - Fidel disse que "morrerá combatendo" se os EUA invadirem Cuba. O que o sr. pensa?
Elizardo Sánchez - O governo
sempre insiste em que a agressão militar dos EUA é iminente. Com isso, tenta exagerar a
ameaça representada por um
inimigo externo e repete a velha máxima de que a pátria está
em perigo. Ultimamente, todavia, Washington vinha facilitando a entrada de alimentos e
remédios em Cuba, o que minava o argumento oficial.
Folha - Contudo as novas medidas de Washington dão força à
retórica de Fidel, não é?
Sánchez - As novas medidas
tomadas pelos EUA são bastante ruins, constituindo algo
totalmente inadequado e torpe.
As medidas americanas são
contraproducentes, pois são
um ato claro de ingerência
americana nos assuntos cubanos, o que dá munição a Fidel
para continuar a atacar o governo dos EUA e a culpá-lo por
todos os problemas de Cuba.
Além disso, as relações entre
os dois países são tão ruins que
o governo cubano utiliza a ação
americana para endurecer ainda mais suas posições.
Uma das medidas, a que visa
limitar a uma em cada três anos
as viagens a Cuba de cubanos
emigrados, é uma violação aos
direitos civis. Trabalhamos
com direitos humanos e, há
anos, exigimos que Havana
respeite esses direitos. Ora, se
os EUA dão o mau exemplo, a
situação fica inaceitável.
Os milhares de dissidentes
cubanos têm de defender-se da
repressão do regime totalitário
e dos erros cometidos pelos
EUA no que tange a Cuba.
Folha - Grupos cubano-americanos dizem que o sr. é agente
de Fidel. Como o sr. reage a isso?
Sánchez - Trata-se do preço
que uma pessoa tem de pagar
quando mantém uma posição
independente, equilibrada e
distante das posições mais radicais. Os que me acusam buscam apenas minar a credibilidade de minha luta.
Folha - O que fazer, então, para pôr fim à ditadura?
Sánchez - O fim não está distante, pois o regime já tem 45
anos. Devemos apenas continuar a fazer o que nossos amigos do Leste Europeu faziam
sob o jugo soviético: resistir e
defender a democracia e o respeito aos direitos humanos.
Os cubanos esperavam uma
maior solidariedade dos brasileiros. Para mim, é uma grande
frustração que o presidente
[Luiz Inácio] Lula [da Silva],
que foi um líder sindical, não
tenha falado com Fidel sobre as
péssimas condições de trabalho impostas pelo governo aos
cubanos. O governo do Brasil
lavou as mãos e finge que não
vê o que ocorre em Cuba.
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