São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

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ÁSIA

Partidos comunistas, que apóiam o novo governo, se declaram contra privatizações e geram insegurança no mercado

Vitória de Gandhi provoca baixa das Bolsas na Índia

DA REDAÇÃO

Um dia após a inesperada vitória do oposicionista Partido do Congresso nas eleições parlamentares da Índia, o mercado financeiro do país teve uma forte queda, reflexo do temor de que o novo governo vá frear as reformas econômicas. O Parlamento deve oficializar hoje o nome de Sonia Gandhi como primeira-ministra.
Liderada por Gandhi, a coalizão encabeçada pelo Partido do Congresso obteve 216 dos 545 assentos no Parlamento. Para obter a maioria, precisa da adesão dos partidos de esquerda, que conquistaram 63 vagas. Conscientes de sua importância para o novo governo, os líderes de esquerda aproveitaram o momento para valorizar suas posições.
A.B. Bardhan, secretário-geral do Partido Comunista da Índia, disse que o ministério que cuida das privatizações "pode ir para o inferno". Harkishan Singh Surjeet, do Partido Comunista da Índia-Marxista, afirmou que o processo de venda das estatais que dão lucro deve ser interrompido.
Mesmo com a defesa das reformas econômicas feita por Gandhi ("elas foram iniciadas por governos do Partido do Congresso. É claro que serão levadas adiante"), os investidores ficaram atemorizados e procuraram se livrar das ações de empresas estatais.
Analistas descreveram o dia de ontem no mercado financeiro como um "banho de sangue": a Bolsa de Valores de Mumbai (Bombaim) caiu 6,1%, o pior desempenho em um único dia nos últimos quatro anos, e a Bolsa de Valores Nacional despencou 7,9% -a maior queda de sua história.
Também contribuiu para o clima de incerteza a recusa de Gandhi em afirmar categoricamente que será a pessoa escolhida para chefiar o novo governo.
As declarações de líderes do Partido do Congresso apontando o nome de Gandhi não foram capazes de pôr um fim às especulações se a viúva do premiê Rajiv Gandhi (1984-89) e nora da primeira-ministra Indira Gandhi (1966-77 e 1980-84) ficará mesmo à frente do governo.
Apesar de a escolha estar marcada para hoje, Sharad Pawar, um importante aliado de Gandhi, disse ontem que a coalizão definirá "em um ou dois dias" quem ocupará o cargo de primeiro-ministro. Em 1999, quando Gandhi teve a chance de se tornar premiê, Pawar se opôs à indicação pelo fato de ela ter nascido na Itália.


Com agências internacionais


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