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ÁSIA
Partidos comunistas, que apóiam o novo governo, se declaram contra privatizações e geram insegurança no mercado
Vitória de Gandhi provoca baixa das Bolsas na Índia
DA REDAÇÃO
Um dia após a inesperada vitória do oposicionista Partido do
Congresso nas eleições parlamentares da Índia, o mercado financeiro do país teve uma forte queda, reflexo do temor de que o novo governo vá frear as reformas
econômicas. O Parlamento deve
oficializar hoje o nome de Sonia
Gandhi como primeira-ministra.
Liderada por Gandhi, a coalizão
encabeçada pelo Partido do Congresso obteve 216 dos 545 assentos no Parlamento. Para obter a
maioria, precisa da adesão dos
partidos de esquerda, que conquistaram 63 vagas. Conscientes
de sua importância para o novo
governo, os líderes de esquerda
aproveitaram o momento para
valorizar suas posições.
A.B. Bardhan, secretário-geral
do Partido Comunista da Índia,
disse que o ministério que cuida
das privatizações "pode ir para o
inferno". Harkishan Singh Surjeet, do Partido Comunista da Índia-Marxista, afirmou que o processo de venda das estatais que
dão lucro deve ser interrompido.
Mesmo com a defesa das reformas econômicas feita por Gandhi
("elas foram iniciadas por governos do Partido do Congresso. É
claro que serão levadas adiante"),
os investidores ficaram atemorizados e procuraram se livrar das
ações de empresas estatais.
Analistas descreveram o dia de
ontem no mercado financeiro como um "banho de sangue": a Bolsa de Valores de Mumbai (Bombaim) caiu 6,1%, o pior desempenho em um único dia nos últimos
quatro anos, e a Bolsa de Valores
Nacional despencou 7,9% -a
maior queda de sua história.
Também contribuiu para o clima de incerteza a recusa de Gandhi em afirmar categoricamente
que será a pessoa escolhida para
chefiar o novo governo.
As declarações de líderes do
Partido do Congresso apontando
o nome de Gandhi não foram capazes de pôr um fim às especulações se a viúva do premiê Rajiv
Gandhi (1984-89) e nora da primeira-ministra Indira Gandhi
(1966-77 e 1980-84) ficará mesmo
à frente do governo.
Apesar de a escolha estar marcada para hoje, Sharad Pawar, um
importante aliado de Gandhi, disse ontem que a coalizão definirá
"em um ou dois dias" quem ocupará o cargo de primeiro-ministro. Em 1999, quando Gandhi teve
a chance de se tornar premiê, Pawar se opôs à indicação pelo fato
de ela ter nascido na Itália.
Com agências internacionais
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