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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

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Costumes tribais contrariam rigidez islâmica para mulheres

DO ENVIADO ESPECIAL A ABUJA

Controlar a mulher nigeriana pelos padrões da sharia e dos muçulmanos mais rígidos é uma tarefa das mais complicadas.
Costumes tribais e uma forma de se produzir bem diferente da das mulheres em parte do mundo árabe fazem das nigerianas um caso bastante atípico.
Em Abuja, capital do país e já bem perto dos Estados do norte, as muçulmanas usam roupas coloridas, a maioria das vezes com a cabeça, braços e partes das pernas à mostra.
Nos dois hotéis de padrão internacional da capital, lojas vendem trajes desse tipo, que chegam a valer até US$ 500.
As mulheres muçulmanas falam alto e algumas até brigam em público com os acompanhantes masculinos, o que seria inimaginável, por exemplo, na Arábia Saudita, o berço da religião.

Iniciação sexual
Nas tribos do interior, o complicado para os defensores da sharia é a precoce iniciação sexual das mulheres.
Amina Lawal, por exemplo, já era casada aos 13 anos. Quase uma centena de adolescentes já foi julgada pela sharia por ter praticado sexo antes do casamento.
Relações sexuais sem proteção, aliás, são um dos grandes dramas nigerianos.
O país tem uma das mais altas taxas de incidência de infectados com o HIV, vírus que causa Aids, no planeta. Estimativas mostram que, no total, aproximadamente 5 milhões de nigerianos estão contaminados.
Estudos apontam que nos Estados do norte, onde o trabalho de prevenção, segundo especialistas, é dificultado pela linha dura da religião islâmica, a incidência de Aids entre os adultos, em alguns casos, chega a 10% da população local, contra 5% da média geral do país. (PC)

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