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MISSÃO NO CARIBE
General diz que passou "tempo suficiente" no país; notícia coincide com aumento da violência; Brasil já indicou substituto
Heleno pede para deixar comando no Haiti
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE
Após um ano na função e em
meio a mais uma onda de críticas
pela violência em Porto Príncipe,
o general brasileiro Augusto Heleno Pereira solicitou a sua substituição do posto de comandante
militar da missão de paz da ONU
no Haiti (Minustah). O Brasil já
indicou um novo comandante,
mas a sua efetivação depende
agora das Nações Unidas.
O governo brasileiro escolheu
como substituto o general Luiz
Guilherme Terra Amaral, sediado
em Brasília. A ONU, porém, quer
que Heleno permaneça no comando por pelo menos três meses, informaram fontes militares
brasileiras à Folha. A decisão deve
sair nos próximos dias.
Ontem o general Heleno afirmou que pediu para ser substituído. "Estou aguardando decisões,
mas o meu contrato com as Nações Unidas terminou no dia 30
de maio e gostaria de ser substituído. Eu sou militar, cumpro
missão. Mas estou há um ano no
Haiti, acho que é tempo suficiente. Aqui não tem domingo, tem
primeira-feira", disse o general a
jornalistas brasileiros, durante
um tour por Porto Príncipe.
Criticado pelo aumento da violência -sobretudo uma onda de
seqüestros- na capital haitiana,
Heleno admitiu o problema, mas
disse que, "com a exceção de Porto Príncipe, todo o país está calmo
há mais de cinco meses".
"Há cerca de dois meses, nós temos, em Porto Príncipe, o crescimento enorme de seqüestros. É
um crime com repercussão enorme, porque ameaça o pessoal que
tem recursos. Quando ameaça esse pessoal, tem uma repercussão
muito grande não só nos formadores de opinião mas também naqueles que detêm a mídia", disse.
"Mas até agora ninguém foi morto. Não posso dizer que é um final
feliz, mas é um final sem vítimas."
Na semana passada, durante visita ao Haiti, o secretário-assistente de Estado para a América Latina, Roger Noriega, exortou a Minustah a ter uma ação mais "pró-ativa" no combate à criminalidade. O governo provisório haitiano
chegou a dizer que seria "bem-vindo" o envio de marines americano para reforçar a segurança.
Com o respaldo do Ministério
da Defesa, o general Heleno tem
resistido às pressões para aumentar o uso da violência e cobrado o
US$ 1 bilhão prometido por doadores internacionais para projetos sociais e de infra-estrutura.
Apenas cerca de 20% desse valor
chegou até agora.
Ontem, o ministro-chefe do Gabinete da Segurança Institucional,
general Jorge Armando Felix, encerrou uma visita de dois dias ao
Haiti, em viagem para demonstrar apoio ao comandante da Minustah e para recolher informações sobre a situação do país. O
general Felix se reuniu com o primeiro-ministro interino haitiano,
Gérard Latortue.
Terceiro contingente
Também ontem, foi realizada a
cerimônia de passagem de comando do segundo para o terceiro contingente brasileiro, que
mantém 1.200 homens no país. A
maioria dos recém-chegados é do
Rio de Janeiro; os que estão voltando são quase todos de Caçapava (SP). O comando será do coronel Adilson Mangiavvachi.
A novidade do terceiro contingente é o envio de 150 homens de
uma companhia de engenharia. O
grupo estará encarregado de realizar obras de infra-estrutura, como perfuração de poços artesianos reparação de estradas.
Parte das despesas da viagem de Fabiano Maisonnave ao Haiti foi custeada pelo Ministério da Defesa.
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