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IRAQUE SOB TUTELA
23 morrem em ataque suicida; 5 civis são mortos pela coalizão
Violência mata mais 35 no Iraque
DA REDAÇÃO
Um ataque suicida na cidade de
Kirkuk, no norte do Iraque, deixou ontem 23 mortos e mais de 80
feridos, em um dia em que a violência no país fez ao todo 35 mortos e que outros 24 corpos foram
deixados em um hospital.
Entre as vítimas do homem-bomba de Kirkuk estão pensionistas e crianças. "Trata-se do
maior crime em Kirkuk desde a
queda do regime de Saddam Hussein [em abril de 2003]", disse o
chefe de polícia da cidade, um pólo petrolífero situado a 290 km ao
norte de Bagdá, Sherko Shakir.
O terrorista detonou explosivos
presos a um cinto numa rua movimentada, na frente de um banco
e perto de um local onde crianças
vendem utensílios de cozinha.
Um comunicado na internet supostamente assinado pelo grupo
terrorista Ansar al Sunna, ligado à
Al Qaeda, reivindicou o atentado.
Com as tensões sectárias no país
em ebulição, o grupo acusa as milícias curdas e os xiitas nas forças
de segurança de matar membros
da minoria sunita.
Em outro atentado reivindicado
pelo Ansar al Sunna, um terrorista suicida pilotando um carro-bomba explodiu o veículo em um
posto de fiscalização do Exército
iraquiano em Kanan, 45 km ao
norte de Bagdá. Cinco soldados
morreram e dois foram feridos.
Em Ramadi (oeste), marines e
soldados iraquianos mataram por
engano cinco civis e feriram quatro. Os militares atiraram contra
dois carros que aceleraram em
uma barreira ao invés de pararem. Segundo o comando americano, que lamentou o ocorrido,
um terrorista suicida usando essa
tática havia matado um soldado
naquela barreira horas antes.
Na capital, um soldado americano morreu quando uma bomba
caseira explodiu perto do comboio em que ele estava, elevando
para 1.704 as baixas militares
americanas no Iraque desde o início da guerra, em março de 2003.
Apesar da presença de 138 mil
soldados americanos no país e da
posse de um governo eleito, a violência no Iraque não dá sinais de
arrefecimento. Desde a posse do
novo governo -uma coalizão
dominada pelos xiitas, que perfazem 60% da população do país-,
mais de mil pessoas morreram.
Ontem, as forças de segurança
anunciaram a prisão de um importante membro da Ansar al
Sunna, Yassim Hazan Hamadi al
Bazi, acusado de construir e vender esse tipo de artefato.
Além dos ataques, os corpos de
24 homens mortos em emboscadas na região oeste do país foram
deixados no fim da noite de anteontem no hospital Yarmouk, na
capital. Acredita-se que eles fossem integrantes de um comboio
iraquiano que iria entregar suprimentos aos militares americanos
operando na região, desaparecidos desde a semana passada.
Segundo o chefe do necrotério,
Ali Chijan, os corpos foram trazidos em duas levas. Dezessete deles -alguns decapitados, outros
com marcas de tiros na cabeça-
foram encontrados em Khaldiyah, 120 km a oeste de Bagdá. Os
outros sete estavam em estado
avançado de decomposição e traziam marcas de tiros no rosto.
Seis deles têm traços asiáticos, e o
sétimo era de um iraquiano.
Espancamento
A jornalista francesa Florence
Aubenas, 44, refém por 157 dias
no Iraque, disse ontem que foi espancada por seus carcereiros ao
tentar conversar com um deles ou
se mexer "em excesso" sobre o
colchão em que era obrigada a ficar dia e noite deitada.
Enviada do jornal "Libération",
ela detalhou o cativeiro em entrevista coletiva em Paris. Aubenas
foi solta sábado e levada domingo
à França. Afirmou que seus captores não falaram com ela sobre
dinheiro nem negociações.
Na longa entrevista, Aubenas
disse também que o porão onde
ficou, sem janelas, media 4 metros
por 2, e que o pé direito era de 1,5
metro. Ela podia dar só 24 passos
por dia, para usar duas vezes o banheiro. Vestia um blusão e podia
tomar banho uma vez por mês.
Teve os olhos vendados e foi
amarrada. Comia um ovo cozido
de manhã, arroz no almoço e chá
à noite. Perdeu 14 quilos no cativeiro. Apenas a dez dias de ser solta, soube que a pessoa a 90 centímetros dela era Hussein Hanoun,
seu guia e tradutor, seqüestrado e
libertado com ela.
Com agências internacionais
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