São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2011

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Inflação de 5,5% na China é a maior em quase três anos

BC do país aperta política monetária pouco após divulgação de resultado

Em resposta à escalada dos preços, depósitos compulsórios subiram em 0,5 ponto, pela nona vez desde outubro

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A China registrou uma taxa de inflação de 5,5% acumulada em 12 meses até maio, a maior alta de preços anual em quase três anos. O resultado indica que as ações do governo nos últimos oito meses para conter a escalada dos preços não foram suficientes.
Diante do resultado, o governo chinês decidiu apertar ainda mais a política monetária. Pouco depois da divulgação do índice, o banco central do país elevou o depósito compulsório bancário em 0,5 ponto percentual, o nono aumento desde outubro.
Além do compulsório, a China também vem aumentando os juros sobre empréstimos e sobre os depósitos dos correntistas.
Novamente, o preço dos alimentos foi um dos principais vilões, com um aumento acumulado de 11,7%, ante 11,5% registrados em abril.
Com esse aumento, a inflação acumulada em maio no país foi a maior em 34 meses. Um ano antes, a China tinha inflação de 3,1% acumulada em 12 meses.
A meta de inflação do governo é de 4% ao ano.
A alta dos alimentos causa preocupação no governo por impactar principalmente a população mais pobre, aumentando a insatisfação social pelo país.

POUSO SUAVE
Por outro lado, alguns dados divulgados esta semana sugerem que a China está conseguindo esfriar um pouco a economia.
O número mais importante se refere a novos empréstimos bancários, que caíram a US$ 85,1 bilhões no mês passado, contra US$ 114 bilhões em abril. O volume de empréstimo está diretamente ligado ao nível de consumo.
A maioria das previsões sugere que a economia chinesa deve crescer num patamar de 9% neste ano, contra 10,3% registrados em 2010, abrindo caminho para um "pouso suave", no jargão econômico.
Já a inflação deve manter uma tendência de alta no curto prazo e arrefecer no final do ano, com o governo mantendo nos próximos meses o ciclo de aumento na taxa de juros e outras políticas restritivas, segundo algumas análises de bancos divulgadas ontem.
"Esperamos que as pressões de preço cedam no final do ano, mas, no curtíssimo prazo, as medidas de inflação estão acima do nível de conforto de Pequim, com riscos tendendo para cima", escreveu Brian Jackson, analista do banco canadense Royal Bank.
"Isso sugere prováveis aumentos na taxa de juros nos próximos meses."
O desempenho da economia chinesa, a segunda maior do mundo, tem impacto direto em países exportadores, como o Brasil, que tem no gigante asiático o seu maior parceiro comercial e principal cliente do minério de ferro produzido internamente.


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