São Paulo, quarta, 15 de julho de 1998

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14 DE JULHO
Presidente, com popularidade em alta, homenageia seleção "tricolor e multicolor' durante feriado nacional
"França redescobriu sua alma', diz Chirac

Reuters
Chirac, Aimé Jacquet, técnico da seleção de futebol, e Jospin (a partir da esq.) seguram a taça de campeão


JOHN LICHFIELD
do "The Independent", em Paris

Para o presidente francês, Jacques Chirac, a França "redescobriu sua alma" quando ganhou a Copa do Mundo. Na tradicional mensagem à população que marca o dia nacional francês, 14 de Julho, Chirac rendeu homenagem à multirracial seleção francesa de futebol, "tricolor e multicolor", que, em suas palavras, demonstrou os valores vencedores "da união e da solidariedade".
Para explicar as extraordinárias cenas de alegria popular que se seguiram à vitória francesa sobre o Brasil, Chirac disse: "Todo o povo sente a necessidade de redescobrir-se, reencontrar-se por meio de uma idéia que o faz sentir orgulho próprio". A alegria do país com o fato de ter vencido a Copa com uma seleção tão etnicamente diversificada "mostra que a França sentia a necessidade de reencontrar sua alma".
O feriado nacional foi quase um anticlímax este ano -uma oportunidade para o país recobrar o fôlego, depois de dois dias de festejos desvairados. Uma multidão um pouco maior do que a habitual reuniu-se na avenida Champs Elysées para assistir ao tradicional desfile militar do dia que comemora a queda da Bastilha, prisão que foi invadida em evento que marca o início da Revolução Francesa. Cerca de 150 mil foram às ruas-algo em torno de 10% da multidão que saudara os vencedores da Copa, no dia anterior.
A parte aérea da cerimônia incluiu, pela primeira vez, um contingente da RAF, Força Aérea britânica. Entre os aviões militares que sobrevoaram a avenida havia três Tornados do Reino Unido.
No restante da entrevista que concedeu à televisão nos jardins do Eliseu, Chirac adotou um tom conciliatório em relação ao governo socialista com o qual "coabita" há um ano. Ele elogiou a contribuição do premiê Lionel Jospin para a retomada econômica francesa, mas disse que parte do crédito também deve ser atribuída às reformas e aos cortes orçamentários promovidos pelos dois governos anteriores, de centro-direita.
A popularidade de Chirac (e também a de Jospin) subiu em função da virada econômica e da vitória francesa na Copa. O índice de aprovação do presidente está em 68%, o mais alto que já atingiu, enquanto o de Jospin está em 70%.
Ao responder sobre se a França deveria evitar "coabitações" políticas no futuro, reduzindo o mandato presidencial de sete para cinco anos, para igualar-se ao dos parlamentares, Chirac respondeu que se opõe a tal idéia porque ela, na realidade, dotaria a França de um sistema presidencial ao estilo americano, conferindo poder demais ao presidente.



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