São Paulo, Quarta-feira, 15 de Setembro de 1999
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SEM SEGURANÇA

Funcionários da ONU deixam território; Annan quer envio de força de paz até o fim-de-semana


Sede da ONU em Timor Leste é atacada

das agências internacionais

Grupos antiindependência incendiaram ontem o edifício da Missão da ONU em Timor Leste (Unamet), abandonado pouco antes por seus funcionários.
A ONU tenta acelerar o envio de força de paz à região -o secretário-geral Kofi Annan espera que os primeiros soldados cheguem ao território até o final de semana.
Afirmando não ter condições de segurança, o organismo internacional transportou para Darwin, na Austrália, cerca de 110 funcionários e 1.300 timorenses que haviam se refugiado no interior do edifício, em Dili (capital).
Restaram agora apenas 12 funcionários da ONU em Timor Leste. A região segue tomada pela ação violenta de grupos paramilitares antiindependência.
Os funcionários restantes foram transportados para o consulado da Austrália em Timor e disseram ter visto fumaça saindo do prédio da Unamet.
Na semana passada, a ONU -encarregada de cuidar do período de transição rumo à independência em relação à Indonésia- já havia retirado a maior parte de seus funcionários da ex-colônia portuguesa.
O Conselho de Segurança da ONU discutia ontem o texto de uma resolução sobre as características da força de paz. A votação para a aprovação do envio de tropas não havia ocorrido até as 20h.
O texto deve fazer menção à possibilidade do uso da força para manter a paz e não deve especificar o número de soldados nem a sua nacionalidade.
Ontem, o presidente indonésio, B.J.Habibie, voltou a afirmar que seu país não imporá condições sobre a composição das tropas.
O Exército da Indonésia, presente em Timor e acusado de incentivar a ação dos paramilitares contra a população, se opõe à presença da Austrália -país que manteve nos últimos meses política favorável à independência de Timor Leste.
Estima-se que serão necessários cerca de 7.500 soldados. A Austrália, vizinha da Indonésia, entraria com um terço desse contingente, que deve ter tropas brasileiras. Devido à proximidade, os australianos teriam condições de chegar mais rapidamente ao território.
Denúncias de massacres continuam a ser feitas, o que aumenta a pressão por um rápido envio de tropas internacionais. Ontem, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) disse ter evidências de que 7.000 pessoas teriam sido mortas desde o início do mês em "assassinatos sistemáticos" executados pelos paramilitares.
A pressa também é justificada pela condição precária em que se encontram os mais de 200 mil refugiados. A Austrália deve começar a lançar amanhã, de aviões, comida e medicamentos.


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