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VIZINHO EM CRISE
Manifestantes isolam e paralisam a capital boliviana; transporte público pára, e tráfego é bloqueado
Já falta comida e combustível em La Paz
DA REDAÇÃO
DO ENVIADO A COCHABAMBA
Os protestos pela renúncia do
presidente Gonzalo Sánchez de
Lozada se espalharam pela Bolívia
e chegaram às cidades de Cochabamba, Oruro, Santa Cruz e Potosí, que ontem registraram feridos.
En El Alto, cidade vizinha à capital, mais um manifestante foi
morto em confronto, aproximando o número de baixas de 60.
La Paz e El Alto - que já são
palco de protestos há mais de três
semanas- estão sem transporte
público e começam a enfrentar a
falta de alimentos e de combustível. Com o aeroporto fechado e a
entrada das estradas bloqueadas,
a capital está praticamente isolada
do resto do país.
Nos hospitais, falta oxigênio para atender a demanda -na segunda-feira, três bebês morreram
como consequência. Escolas e comércio estão fechados.
Há saques, o tráfego foi interrompido em diversos pontos e
pouca gente sai às ruas. Os turistas que ficaram no país estão fechados em hotéis.
Embora os protestos ontem tenham sido menos intensos do que
na véspera, grupos de manifestantes bloquearam as entradas da
cidade. Nenhum veículo -exceto
os da polícia e do Exército- circulava. A estrada que liga El Alto a
La Paz foi bloqueada por centenas
de pessoas que arremessavam pedras e pedaços do asfalto contra
os passantes.
Dezenas de tanques guardavam
o palácio presidencial. Testemunhas afirmam que um grupo de
manifestantes tentou invadir a casa do presidente, mas foi impedido pela polícia, munida de gás lacrimogêneo.
"Nem que os tanques disparem
contra nós sairemos daqui. Quem
tem que sair é o presidente", dizia
Valentín Mejillones, um dos líderes dos protestos em El Alto.
"Gonzalo Sánchez é um traidor,
quer entregar o gás para os gringos e os chilenos", disse Jaime
Aramayo, representante dos comerciantes do mercado Uyustos,
em La Paz, referindo-se ao projeto
de exportar gás usando o Chile
como saída para o mar -o qual o
presidente suspendeu anteontem.
Os bairros periféricos são os
mais prejudicados pelas manifestações, acabando mais isolados.
Na segunda-feira, pelo menos
14 pessoas foram mortas em enfrentamentos com o Exército e na
véspera, 26. Desde o início da onda de protestos, foram pelo menos 57 baixas -com algumas estimativas contabilizando até 70.
Nas ruas próximas ao cemitério
geral de La Paz, cortejos passavam
a pé. Cerimônias fúnebres foram
improvisadas em praças, quadras
de esportes e até em esquinas.
A prefeitura exortou as funerárias a disponibilizar o maior número de caixões possível.
Em Cochabamba, uma ameaça
de bomba fechou o aeroporto por
cerca de uma hora e meia. Com
exceção dos vôos com destino a
La Paz, todos os outros vôos seguiram normalmente.
Manifestantes bloquearam o
acesso ao centro da cidade pelo
segundo dia. Segundo a polícia,
houve saques e cerca de 15 pessoas foram presas. Não foram registrados feridos.
Com agências internacionais
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