São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2007

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Greve põe Sarkozy sob pressão

Segunda paralisação nos transportes em um mês protesta contra reforma no regime de aposentadoria

Ministro e líderes deverão abrir negociação, mas não há ainda opção conciliatória que una intransigência que os dois lados demonstraram

Emiliano Capozoli/Folha Imagem
Funcionários do transporte público protestam em Paris durante greve; parte dos sindicatos manteve paralisação para hoje, enquanto espera posição do governo

DA REDAÇÃO

Mesmo com a adesão de um número de assalariados ligeiramente menor do que em movimento idêntico do mês passado, as greves nos trens, metrôs e estatais de gás e eletricidade ontem afetaram em cheio a França. Os sindicatos decidiram reconduzir para hoje as paralisações, à espera de uma carta do Ministério do Trabalho sobre modalidades de negociações tripartites (assalariados, governo e estatais).
Os 500 mil funcionários desses setores reivindicam a manutenção do regime especial de aposentadorias que o presidente Nicolas Sarkozy quer suprimir. Pelo sistema, eles se aposentam após 37,5 anos de contribuição, em vez de 40 anos, para os demais assalariados.
Na SNCF, empresa de transporte ferroviário, a greve foi seguida por 61,5% dos empregados, em lugar de 73,5% nas greves de 18 de outubro. Na RATP, metrô parisiense, os grevistas foram 44%, contra 58% há um mês. Na EDF (eletricidade) e na GDF (gás) a paralisia atingiu de 36% a 38% da mão-de-obra.
Não estavam claras ontem à noite como as negociações poderiam começar. O ministro do Trabalho, Xavier Bertrand, reiterou que o governo não recuará quanto ao plano oficial. Mas negociações empresa por empresa poderão fixar prazos diferenciados para a unificação das aposentadorias ou acatar privilégios de menor custo.
"As coisas estão avançando", disse apenas o primeiro-ministro François Fillon. "O presidente acredita que há chances de se encontrar uma saída para o conflito", disse o porta-voz de Sarkozy, David Martinon.

Passeata em Paris
Em Paris os grevistas e outros funcionários conseguiram reunir 25 mil pessoas (5.000, segundo o Ministério do Interior) em passeata contra os planos do governo. Outras manifestações ocorreram em Toulouse, Rouen e Marselha.
A CGT, majoritária entre os ferroviários, afirmava até anteontem que o regime especial era inegociável. Ontem, no entanto, mostrou-se disposta a sentar à mesa de negociações. A CFDT, segunda maior central, não reconduzirá hoje a greve de seus filiados no metrô e nos ônibus urbanos de Paris.
O Partido Socialista lançou um apelo para que o governo negocie. A greve é impopular, segundo pesquisas, e a esquerda, com a exceção do Partido Comunista, deixou de se solidarizar com os grevistas.
"Sou favorável às greves, mas não a esta, que toma como reféns pessoas menos protegidas como eu", disse à Associated Press Xavier Michel, 25, que percorreu com seu skate 8 km para um compromisso.
No metrô parisiense, circulava nas linhas regulares um quinto das composições. As linhas expressas estavam paralisadas. Quanto aos ônibus, eram em geral um a cada dez, mesmo assim com trajetos de duas a três vezes mais demorados em razão dos congestionamentos.
"Temos enfermeiras com um emprego tão estafante quanto o dos ferroviários, mas que não têm regime especial", disse à Reuters Gerard Alaux, proprietário de um asilo que precisou andar 6 km porque sua linha de metrô estava desativada.
O Eurostar, que une Paris a Londres, funcionou normalmente. Ontem foi inaugurada a linha rápida em território britânico, e o trem, em lugar de Waterloo, passou a operar na estação londrina de St. Pancras.


Com agências internacionais


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