São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2002

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Banco Central vendeu dólares quando a cotação da moeda foi a 2,05 pesos; câmbio flutuou livremente por três dias

BC argentino faz primeira intervenção

DO ENVIADO A BUENOS AIRES

DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central argentino realizou ontem sua primeira intervenção no mercado de dólares. A instituição vendeu blocos de US$ 500 mil a bancos privados, mas não divulgou o total vendido na operação. A intervenção ocorreu quando a moeda norte-americana ultrapassava a cotação de 2,05 pesos, uma disparada de cerca de 20% em relação ao dia anterior.
Para tentar conter a alta, o Banco Central vendeu dólares à cotação de 1,70 peso, segundo a Folha apurou. O banco, porém, não forneceu mais detalhes a respeito da operação.
Durante 10 anos e 9 meses a Argentina não teve um mercado de câmbio, uma vez que nesse período estava em vigor a lei de conversibilidade. Esse sistema fixava a paridade de 1 para 1 entre o peso e o dólar. O sistema foi abandonado depois da corrida aos bancos, em dezembro, para a troca de pesos por dólares.
A moeda norte-americana no atacado (grandes somas) custava entre 1,90 e 1,95 peso no fechamento de ontem, bem acima da cotação de entre 1,62 e 1,68 peso, registrada segunda-feira. No centro de Buenos Aires, as casas de câmbio vendiam o dólar no varejo entre 1,70 e 1,95 peso, contra a faixa entre 1,55 e 1,75 peso do dia anterior. O mercado cambial argentino ainda funciona muito precariamente e, por isso, não há uma média oficial ou confiável de cotações.

Câmbio e FMI
Um novo acordo entre a Argentina e o FMI (Fundo Monetário Internacional) está sendo dificultado pela decisão do governo em manter o sistema de câmbio duplo. Ontem o diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Claudio Loser, reafirmou mais uma vez que o futuro das negociações do Fundo com a Argentina depende da adoção do câmbio flutuante.
O presidente Eduardo Duhalde parece estar prestes a ceder às pressões do Fundo. Ontem, em uma entrevista coletiva a correspondentes estrangeiros, ele afirmou que o câmbio duplo deverá durar de três a cinco meses.
"Consideramos que dentro de três, quatro ou cinco meses, nós poderíamos deixar o câmbio flutuar livremente", disse ele.
Desde o último dia seis, a Argentina abandonou o regime de conversibilidade e adotou o sistema de câmbio duplo. Atualmente, existe uma cotação flutuante para o mercado em geral e outra fixa, em que US$ 1 é vendido a 1,40 peso, para exportações.


Com agências internacionais


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