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Volta ao diálogo é vitória pessoal para Pastrana
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
A retomada das negociações de
paz com as Farc é uma vitória pessoal para o presidente Andrés
Pastrana, dividido entre o desejo
de levar adiante o processo e a
pressão contrária da opinião pública, dos militares e do governo
dos EUA.
Após mais de três anos de negociações, para tentar pôr fim a uma
guerra civil que já dura quatro décadas, Pastrana tinha muito pouco a comemorar. Apesar de ter
concedido às Farc um encrave de
42 mil km2 ao sul do país (área
pouco superior à da Suíça), o governo não conseguiu das guerrilhas até agora nenhum avanço
concreto na direção da paz.
A própria questão que gerou o
impasse nas negociações, sobre os
controles no entorno da zona desmilitarizada, implicava a discussão das condições para o diálogo,
e não temas fundamentais como
cessar-fogo, fim dos sequestros,
fim das hostilidades ou erradicação de plantações de coca.
Com a primeira grande queda
de braço do processo vencida,
Pastrana, agora fortalecido, insiste nesses pontos como forma de
mostrar àqueles agentes que antes
o pressionavam avanços concretos no processo. O presidente sonha em poder deixar o cargo ao
seu sucessor, em agosto, com um
processo em bom caminho.
Antecedentes
O esforço de Pastrana foi iniciado antes mesmo de ele assumir o
cargo, em 1998, num encontro
que manteve com o fundador do
grupo guerrilheiro, Manuel "Tirofijo" Marulanda.
O mesmo Marulanda, porém,
deixou-o na mão no primeiro encontro oficial que teriam após o
início das negociações, em janeiro
de 1999, dentro da zona desmilitarizada. A imagem de Pastrana ao
lado da cadeira vazia de Marulanda foi o primeiro revés a municiar
os críticos do processo.
Reiteradas vezes, as Farc ameaçaram abandonar o diálogo por
causa da suposta conivência do
Exército do país com a ação dos
paramilitares de direita que combatem as guerrilhas. Os paramilitares são acusados por inúmeros
massacres a populações civis nas
quais as guerrilhas têm supostamente algum tipo de apoio.
Desde seu início o processo vem
enfrentando crises, mas nenhuma
tão grave como a que quase provocou a sua ruptura definitiva,
nesta semana. Pastrana tenta agora provar aos críticos que sua
principal bandeira de campanha
na eleição presidencial de 1998 é
viável e que não terá o mesmo
destino das iniciativas anteriores
de diálogo, todas fracassadas.
Se a retomada do diálogo com
as Farc se confirmar, com avanços
concretos na direção da paz, Pastrana pode ver ainda facilitadas as
negociações com o Exército de Libertação Nacional (ELN), a segunda maior guerrilha do país,
com cerca de 5.000 membros (as
Farc têm um efetivo de cerca de 17
mil homens).
Por enquanto, o governo mantém com as ELN encontros não
oficiais em Havana.
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