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Premiê britânico adverte a ONU a agir contra Bagdá e diz que inspetores terão mais tempo para desarmar Saddam
Blair faz discurso ambíguo sobre a crise
DA REDAÇÃO
O premiê britânico, Tony Blair,
advertiu as Nações Unidas ontem
de que a autoridade da organização seria destruída caso o Iraque
não seja desarmado em breve, por
meios pacíficos ou violentos.
Adotando uma linha calculadamente ambígua, porém, Blair tentou ganhar apoio dos centenas de
milhares de britânicos que protestaram ontem contra a guerra
afirmando que os inspetores da
ONU terão mais tempo para seguir com seus trabalhos de desarmamento no Iraque.
"Blix apresentou seu relatório
ontem [anteontem" e será dado
mais tempo aos inspetores", declarou Blair, principal aliado dos
EUA em seus planos de ação militar contra Bagdá, em discurso na
conferência do Partido Trabalhista em Glasgow (Escócia). "Continuo querendo resolver a questão
do Iraque e das armas de destruição em massa por meio da ONU
Em declarações claramente dirigidas às potências mundiais que
se opõem às preparações para
uma guerra, Blair também desconsiderou as ações de último minuto do presidente iraquiano
Saddam Hussein como falsas,
ainda que tenha reconhecido que
os inspetores de desarmamento
da ONU precisam de prazo maior
para vasculhar o Iraque.
"Se demonstrarmos fraqueza
agora, se permitirmos que o pedido de um novo prazo seja uma
desculpa para prevaricação até
que o momento de agir passe... a
ameaça, e não só de Saddam, crescerá", disse Blair.
"A autoridade da ONU será perdida e o conflito, quando vier, será
mais sangrento."
Seu discurso duro representa
uma clara rejeição à posição de
Rússia, França, China, Alemanha
e outros que, em um duelo dramático no Conselho de Segurança
na sexta-feira, exigiram mais tempo para as inspeções de armas e
para a diplomacia.
Em um revés para os EUA e o
Reino Unido, os inspetores de desarmamento da ONU expressaram esperanças de que as inspeções estivessem funcionando, o
que levou a maior parte dos países
membros do conselho a alegar
que seria prematuro iniciar uma
guerra.
Os Estados Unidos e o Reino
Unido advertiram Saddam de que
ele enfrentará ação militar a menos que abandone todas as armas
de destruição em massa que o Iraque nega possuir -e concentraram dezenas de milhares de soldados no golfo Pérsico.
Blair desconsiderou os movimentos de última hora de Saddam que, horas antes da reunião
de sexta-feira, anunciou que o Iraque estava aprovando uma lei que
proíbe todas as armas de destruição em massa.
"Para qualquer pessoa familiarizada com as táticas evasivas e
enganosas de Saddam, surge uma
sensação desconfortável de deja
vu", disse ele. "As concessões são
suspeitas. Infelizmente, as armas
são reais".
Ceticismo europeu
Blair enfrentará o ceticismo dos
europeus em uma conferência de
cúpula da União Européia em
Bruxelas amanhã. Mas primeiro
ele tem de enfrentar oponentes
igualmente ferrenhos da guerra
em seu próprio partido.
A história política sugere que levar adiante uma ação militar desafiando a opinião pública e os
desejos de sua base de poder político representa desastre para
qualquer líder. A maior parte dos
parlamentares e ativistas políticos
trabalhistas é profundamente
hostil a uma nova guerra no golfo,
especialmente se não for autorizada por uma resolução adicional
da ONU. Pesquisas de opinião
pública demonstram que a maioria dos britânicos concorda com
essa posição.
Blair mudou de curso, tentando
apresentar um "argumento moral" em favor da guerra.
Enquanto mais de 500 mil manifestantes contra a guerra se preparavam para uma marcha por
Londres, Blair, decidido, dizia que
"se houver 500 mil pessoas nessa
manifestação, ainda assim é um
número menor o que o de mortes
pelas quais Saddam é responsável".
"E se houvesse um milhão de
manifestantes, seria um número
menor que o de mortos nas guerras que ele iniciou".
Blair se reservou o direito de
acompanhar os Estados Unidos à
guerra sem uma nova resolução
da ONU, temendo que um veto de
um ou membro ou membros importantes da organização.
Diplomatas britânicos continuam com esperanças de que os
demais países aprovem o uso da
força, com o tempo, e Blair uma
vez mais pressionou por uma nova resolução. Mas com os líderes
militares dos EUA sugerindo que
as operações de combate precisam acontecer antes da metade de
março, é possível que negociações
bem sucedidas sejam incapazes
de cumprir esse prazo.
Domesticamente, esse cenário
pode ser um pesadelo para Blair, e
ele parece saber disso. "Não procuro a impopularidade como
uma marca de honra", disse.
"Mas às vezes ela é o preço da liderança".
Com agências internacionais
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