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IRÃ NA MIRA
Tiros são ouvidos em nova manifestação
Bush elogia protestos por reformas em Teerã e irrita autoridades rivais
DA REUTERS
O presidente George W. Bush
elogiou ontem os protestos por
democracia no Irã, o que prontamente uniu grupos rivais de autoridades iranianas para criticar o
apoio dos EUA às manifestações.
Na sexta noite de protestos em
Teerã, milhares de manifestantes
voltaram a se reunir nas proximidades da universidade. Tiros foram ouvidos por correspondentes estrangeiros. Também houve
registro de protestos menores em
pelo menos três outras cidades. É
um sinal de que as manifestações,
saudadas por Bush como "um
grito por liberdade", podem estar
se disseminando.
"É o povo se exprimindo rumo
a um Irã livre, o que eu considero
positivo", disse Bush na casa de
veraneio de sua família em Kennebunkport, Maine (costa leste).
O Ministério das Relações Exteriores do Irã acusou os EUA de
"flagrante ingerência em assuntos
internos" e disse que Washington
estava superestimando o significado dos protestos.
"Os americanos ignoram a presença de milhões de pessoas que
dão boas vindas ao líder supremo
e ao presidente, mas considera as
manifestações de uns poucos a
voz do povo", disse Hamid Reza
Asefi, porta-voz da chancelaria.
A presença dos EUA no Afeganistão e no Iraque, dois países que
fazem fronteira com o Irã, tem
preocupado os clérigos iranianos.
E os EUA os têm colocado sob
pressão ao acusá-los de tentar obter armas nucleares, de apoiar o
terrorismo e de incentivar rebeliões no Iraque.
O governo reformista iraniano,
liderado pelo presidente Mohammad Khatami, vem há seis anos
travando uma difícil batalha pelo
poder contra os conservadores
religiosos, que ainda conservam o
controle sobre as principais estruturas da República islâmica.
Apesar de os recentes protestos
serem fundamentalmente contra
os clérigos, Khatami também vem
sendo criticado por não ter conseguido avançar nas reformas mesmo estando no cargo há seis anos.
No sábado houve choques entre
grupos reformistas e religiosos
nas cidades de Shiraz, Isfahan e
Ahvaz, onde pelo menos uma
pessoa morreu. Em Teerã, grupos
fiéis ao líder religioso supremo,
aiatolá Ali Khamenei, vinham
atacando estudantes reformistas.
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