UOL


São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

Em meio a críticas à ocupação, secretário visita palco de massacre curdo por Saddam; soldado dos EUA é morto

Mundo deveria ter agido antes, diz Powell

DA REDAÇÃO

Diante das crescentes críticas à ocupação do Iraque, o secretário de Estado americano, Colin Powell, disse ontem em discurso no país que "o mundo devia ter agido antes" contra o ex-ditador Saddam Hussein, desaparecido desde a queda de Bagdá, em abril.
"Eu não posso lhes dizer que Saddam Hussein era um tirano assassino. Vocês já sabem disso. Não posso lhes dizer que o mundo devia ter agido antes. Vocês já sabem disso... O que eu posso dizer é: o que aconteceu aqui em 1988 nunca mais acontecerá de novo", disse Powell a familiares de vítimas de Saddam.
Em seu segundo e último dia de visita ao Iraque, o secretário participou da inauguração de um memorial em homenagem às cerca de 5.000 vítimas do regime de Saddam na cidade curda de Halabja (norte). O ex-ditador empregou armas químicas contra os curdos -cerca de 25% da população iraquiana- no fim da guerra contra o Irã, acusando-os de apoiar Teerã. Na época, Washington apoiava Bagdá.
"Saddam está fugindo e se escondendo. Ele continuará fugindo e se escondendo até que o capturemos ou até que ele morra", disse o secretário.
Powell já deixou o país. Ainda ontem ele viajou para o Kuait, onde fez uma parada antes de retornar aos EUA.
A visita a Halabja teve como objetivo atrair a atenção internacional para atrocidades praticadas por Saddam, diante de crescentes críticas à ocupação e a frequentes questionamentos sobre a guerra.
Em viagem à Espanha, um dos membros do Conselho de Governo Iraquiano, Rajaa Habib Khuzai, acusou os EUA de maltratarem civis. "Há um descontentamento generalizado com as forças de coalizão, a maior parte das quais trata a população iraquiana com violência", disse Khuzai.

Síria
Em entrevista durante sua passagem pelo Kuait, Powell pediu ao governo sírio sinais concretos de que está combatendo o terrorismo. Hoje, o Congresso dos EUA debaterá o "Ato de Prestação de Contas da Síria", diante de preocupações com o que Washington chama de "falta de colaboração" por parte de Damasco.
"Até agora, o governo sírio não respondeu tão firmemente como eu gostaria. É por isso que o Congresso debaterá o Ato", disse Powell. O documento cita o suposto apoio da Síria ao terrorismo, sua presença militar contínua no Líbano e o desenvolvimento de armas de destruição em massa.

Soldado morto
A viagem do secretário também serviu para ele avaliar o trabalho de reconstrução no Iraque -inclusive a falta de segurança no país, que no domingo ele definiu como "desafiadora".
Ontem, em Bagdá, mais um soldado americano -o 156º somente no pós-guerra, se contados acidentes e ataques- morreu após sofrer um ataque com granadas-foguetes no domingo que também matara um de seus colegas.
Em Fallujah (oeste), o maior foco de tensão do pós-guerra, o chefe de polícia da cidade de Al Khaldiya, Khedeir Mekhalef Ali, foi morto em uma emboscada por supostos membros da resistência.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Palestino é relevante para paz, diz enviado da ONU
Próximo Texto: EUA dizem ter consultado Brasil sobre soldados
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.