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São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2003

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Demógrafos da Cepal constatam efeitos positivos das políticas de saúde no envelhecimento da população latino-americana

Parcela de idosos na AL triplicará até 2050

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Há três anos apenas 8% da população da América Latina e do Caribe tinha mais de 60 anos de idade. Em 2025, essa parcela de idosos subirá para 14% e, em 2050, chegará a 22,5%.
A projeção está em estudo demográfico feito por uma das agências regionais da ONU, a Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe).
Existem duas razões fundamentais para o peso cada vez maior dos idosos na população regional. Há de um lado a queda da taxa de fecundidade, com a consequente diminuição da porcentagem de crianças dentro da população. De outro lado, a urbanização, a diminuição da miséria e da pobreza e políticas de saúde mais eficientes permitem hoje uma expectativa de vida bem maior.
Mas há uma contrapartida negativa. A tendência é a de haver um número cada vez menor de trabalhadores ativos que sustentam aposentados e pensionistas, o que se traduz em maior desequilíbrio do sistema previdenciário. Esse desequilíbrio não ocorre, no entanto, em todos os países.
A Cepal publicou o penúltimo estudo sobre o envelhecimento da população em maio de 2002. Tinha em vista a Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento, que a ONU promoveu naquele ano em Madri. Parte do trabalho foi atualizada para a Conferência Regional Intergovernamental sobre o Envelhecimento, que ocorrerá em novembro próximo, em Santiago do Chile.
A reunião deverá propor que a saúde seja considerada um direito dos idosos e que os Estados assegurem redes de saúde adaptadas a essa parcela cada vez mais numerosa da população regional.
No Brasil, o IBGE vem de há muito registrando o crescimento da população mais idosa. Pelo último censo, 7,9% da população tinha mais de 60 anos. Essa porcentagem dobrará em 2025, chegando a 15,4%. E triplicará em 2050, atingindo 24,1%.
No horizonte de 2025, a parcela dos mais idosos no Brasil será menor que a registrada em Cuba, Uruguai, Argentina, Chile e Barbados. São países em que a maior longevidade é presumível em razão de condições econômicas e sanitárias mais favoráveis.
Mas o Brasil estará em melhor situação que México, República Dominicana, Bolívia, Paraguai e Honduras, onde é e continuará a ser menor a porcentagem de cidadãos com mais de 60 anos.
Cuba, com o mais eficiente sistema de saúde da região, terá como idosos um terço de sua população. O Paraguai, com os piores indicadores, terá só 16%.
José Miguel Guzmán, que coordenou o estudo, diz que o processo de envelhecimento é mais rápido que o de países industrializados. No Brasil, por exemplo, o segmento dos que têm mais de 60 anos tem crescido 2,1 vezes mais rápido do verificado nos Estados Unidos e 3,1 vezes mais rápido do que o observado na Holanda.


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