São Paulo, terça-feira, 16 de novembro de 2010

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Relatório revela que agentes dos EUA ajudaram ex-nazistas

Americanos criaram "paraíso seguro" para membros do 3º Reich

ERIC LICHTBLAU
DO "NEW YORK TIMES"

Investigação sobre operações de caça a nazistas nos EUA concluiu que agentes da inteligência americana criaram no país um "paraíso seguro" para ex-membros do Terceiro Reich e seus colaboradores após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
O relatório, de 600 páginas, que o Departamento de Justiça tentou manter em sigilo por quatro anos, oferece evidências sobre casos de nazistas acolhidos pelos EUA.
O texto mostra sucessos e fracassos do Escritório de Investigações Especiais (OSI), criado para deportar nazistas e instituído em 1979.
Estudiosos e relatórios do governo já tinham admitido o uso de nazistas, pela CIA, para fins de inteligência. Mas esse relatório documenta a cumplicidade e a decepção americanas nas operações.
Nazistas "tiveram entrada garantida" nos EUA, apesar de autoridades estarem cientes de seu passado. "Os EUA, que se orgulham de ser um paraíso seguro para perseguidos, se tornaram [...] um paraíso seguro para perseguidores", diz um relatório.
O Departamento de Justiça vinha resistindo a tornar o relatório público desde 2006.
Sob ameaça de processo, enviou uma versão para o National Security Archive com trechos omitidos. A versão completa foi obtida pelo "New York Times".
Ao menos 300 nazistas foram deportados, tiveram a cidadania retirada ou foram impedidos de entrar nos EUA pelo OSI.
O relatório cita a ajuda que a CIA deu para Otto von Bolschwing, associado de Adolph Eichmann, que auxiliou no desenvolvimento dos planos de "purificar a Alemanha dos judeus" e que depois trabalhou para a agência. Em notas, agentes discutiam o que fazer se ele fosse confrontado com seu passado.
O segredo que cerca o relatório pode ser um dilema para o presidente Barack Obama, que se comprometeu a liderar o governo mais transparente da história.
Um capítulo sobre o pedaço do couro cabeludo de Josef Mengele -o "Anjo da Morte" de Auschwitz- detalha esforços para determinar se ele estava nos EUA.
Com o desenvolvimento de testes de DNA, o material, entregue pelo Brasil e que ficou anos em uma gaveta do OSI, se tornou evidência fundamental para estabelecer que Mengele fugira para o Brasil e morreu no país sem sequer entrar nos EUA.
O texto editado não contém referências a Mengele.


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