|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Relatório revela que agentes dos EUA ajudaram ex-nazistas
Americanos criaram "paraíso seguro" para membros do 3º Reich
ERIC LICHTBLAU
DO "NEW YORK TIMES"
Investigação sobre operações de caça a nazistas nos
EUA concluiu que agentes da
inteligência americana criaram no país um "paraíso seguro" para ex-membros do
Terceiro Reich e seus colaboradores após a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945).
O relatório, de 600 páginas, que o Departamento de
Justiça tentou manter em sigilo por quatro anos, oferece
evidências sobre casos de nazistas acolhidos pelos EUA.
O texto mostra sucessos e
fracassos do Escritório de Investigações Especiais (OSI),
criado para deportar nazistas
e instituído em 1979.
Estudiosos e relatórios do
governo já tinham admitido
o uso de nazistas, pela CIA,
para fins de inteligência. Mas
esse relatório documenta a
cumplicidade e a decepção
americanas nas operações.
Nazistas "tiveram entrada
garantida" nos EUA, apesar
de autoridades estarem cientes de seu passado. "Os EUA,
que se orgulham de ser um
paraíso seguro para perseguidos, se tornaram [...] um
paraíso seguro para perseguidores", diz um relatório.
O Departamento de Justiça
vinha resistindo a tornar o relatório público desde 2006.
Sob ameaça de processo,
enviou uma versão para o
National Security Archive
com trechos omitidos. A versão completa foi obtida pelo
"New York Times".
Ao menos 300 nazistas foram deportados, tiveram a cidadania retirada ou foram
impedidos de entrar nos EUA
pelo OSI.
O relatório cita a ajuda que
a CIA deu para Otto von
Bolschwing, associado de
Adolph Eichmann, que auxiliou no desenvolvimento dos
planos de "purificar a Alemanha dos judeus" e que depois
trabalhou para a agência. Em
notas, agentes discutiam o
que fazer se ele fosse confrontado com seu passado.
O segredo que cerca o relatório pode ser um dilema para o presidente Barack Obama, que se comprometeu a liderar o governo mais transparente da história.
Um capítulo sobre o pedaço do couro cabeludo de Josef Mengele -o "Anjo da
Morte" de Auschwitz- detalha esforços para determinar
se ele estava nos EUA.
Com o desenvolvimento
de testes de DNA, o material,
entregue pelo Brasil e que ficou anos em uma gaveta do
OSI, se tornou evidência fundamental para estabelecer
que Mengele fugira para o
Brasil e morreu no país sem
sequer entrar nos EUA.
O texto editado não contém referências a Mengele.
Texto Anterior: Exército discute apoio de Obama à Índia Próximo Texto: Mulher que diz ser Sakineh admite na TV que é "pecadora" Índice | Comunicar Erros
|