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ORIENTE MÉDIO
Presidente dos EUA encerra visita à região enquanto israelenses e palestinos seguem trocando acusações
Fracassa cúpula de Clinton, Arafat e "Bibi'
Com a filha Chelsea, Clinton põe enfeite em árvore de Natal, em Belém
das agências internacionais
O presidente dos EUA, Bill Clinton, encerrou ontem sua histórica
visita ao Oriente Médio sem conseguir trazer de volta aos trilhos o
processo de paz entre palestinos e
israelenses.
Na cúpula realizada em Erez
(posto de fronteira entre Israel e a
faixa de Gaza), com a presença do
premiê de Israel, Binyamin "Bibi"
Netanyahu, e do presidente da Autoridade Nacional Palestina
(ANP), Iasser Arafat, Clinton tentou acalmar o tiroteio verbal.
O presidente norte-americano
disse ter conseguido o compromisso das partes de acelerar os termos acertados no memorando de
Wye Plantation, assinado nos EUA
em outubro.
Mas os fatos e os discursos apontam no sentido contrário. Não
houve declaração ou entrevista coletiva conjunta dos três líderes ao
final do encontro. Arafat deixou o
local pouco antes dos demais.
Netanyahu reafirmou que não
fará novas retiradas de tropas da
Cisjordânia antes de a ANP cumprir a sua parte no acordo.
A segunda das três retiradas previstas em Wye deveria ser feita até
sexta. Mas o premiê israelense,
ameaçado por uma moção de desconfiança no Parlamento -a ser
votada na segunda-feira- não deve cumprir o cronograma.
Israel levou à cúpula uma lista
com 12 compromissos que afirma
terem sido desrespeitados pelos
palestinos. Entre eles, estão as declarações de Arafat sobre a criação
de um Estado em maio de 99, o
confisco de armas ilegais nos territórios e o combate às violentas manifestações na Cisjordânia.
"Eles vieram ao encontro com a
intenção de destruir essa nova
chance de salvar o acordo de paz",
rebateu o ministro do Planejamento palestino, Nabil Shaath.
"Após tentar cancelar a cúpula,
Netanyahu e Ariel Sharon (chanceler) participaram da reunião para inventar novos pretextos e mentiras e impor novas condições para
desrespeitar os compromissos."
A liderança palestina afirma estar cumprindo os acordos. Anteontem, o Conselho Nacional Palestino (o Parlamento da ANP) revogou as cláusulas da Carta da
OLP que pregavam a destruição de
Israel.
Clinton presenciou a votação, na
cidade de Gaza, na primeira visita
de um presidente dos EUA aos territórios sob controle palestino. A
ANP tenta tirar proveito político
da visita, dizendo que ela é um prenúncio da criação de um Estado
independente.
Segundo pesquisa de opinião feita por um canal de TV, 62% dos israelenses entrevistados disseram
que a viagem de Clinton à região
favoreceu os palestinos. Apenas
14% consideraram que a visita trazia mais benefícios a Israel.
²
Prisioneiros
Os palestinos presos em cárceres
israelenses anunciaram ontem o
fim de sua greve de fome, iniciada
em 22 de novembro.
Eles reivindicam a libertação, como decorrência do acordo de paz
de Wye. Na ocasião, Netanyahu se
comprometeu verbalmente a soltar 750 prisioneiros.
Israel já libertou 250. Os palestinos, porém, protestam, afirmando
que 150 deles eram criminosos comuns. Um porta-voz dos presos
disse que a greve de fome foi suspensa até que sejam esclarecidos
os resultados da visita de Clinton.
O presidente dos EUA disse que
Israel e ANP concordaram em
criar um "canal informal" para debater a situação dos presos.
Israel se nega a pôr em liberdade
detidos por "crimes de sangue". A
questão foi o principal motivo dos
choques da semana passada na
Cisjordânia. Os conflitos entre manifestantes, armados de pedras, e
soldados do Exército deixaram
quatro palestinos mortos e mais de
uma centena de feridos.
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