|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Criação de grupo buscou
equilíbrio Brasil-EUA
DO ENVIADO ESPECIAL A QUITO
A definição dos países componentes do Grupo de Amigos da
Venezuela foi objeto de intensa
movimentação diplomática.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, queria um grupo bastante diferente do que foi constituído anteontem -que acabou
reunindo Brasil, EUA, México,
Chile, Espanha e Portugal, sob a
coordenação da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Quem primeiro teve a idéia de
uma força diplomática para auxiliar a OEA foi o próprio Chávez,
que a relatou a Marco Aurélio
Garcia, assessor especial de Luiz
Inácio Lula da Silva, quando de
sua viagem à Venezuela, em dezembro. Coube ao Brasil levar a
público a idéia, promover gestões
diplomáticas e dar a forma final,
distante da idéia original.
Chávez queria a participação de
países como França, Rússia e um
ou dois membros da Opep (Organização dos Países Exportadores
de Petróleo), como Arábia Saudita ou Kuait.
O objetivo era atrair governos
mais simpáticos à sua gestão
-caso da Rússia e dos países que
são grandes produtores de petróleo, como a Venezuela- e que
buscam um contrapeso à hegemonia norte-americana.
Chávez foi sendo convencido a
desistir de um grupo marcadamente antiamericano ao longo da
semana passada. A diplomacia
brasileira e a OEA argumentaram
que o equilíbrio de posições no
grupo era fundamental para que
tivesse chance de sucesso.
Havia ainda o problema da participação dos EUA. No almoço de
anteontem Lula, Chávez ouviu da
delegação brasileira que era inconcebível qualquer tratativa da
principal crise do continente sem
a participação dos EUA. Chávez
ouviu ainda o argumento de que
Washington teria influência nos
grupos de oposição.
No final do almoço, Lula e o
chanceler Celso Amorim perguntaram diretamente se Chávez via
problema na entrada dos EUA.
Ele respondeu que não imporia
obstáculos. Por outro lado, foi
barrada uma idéia, defendida por
países como o Peru, de incluir no
grupo o Canadá, aliado tradicional dos EUA.
Ontem, o enviado americano
Otto Reich negou que seu governo tenha mudado de posição,
aderindo ao projeto depois de se
mostrar contrário a ele. "O governo americano sempre esteve disposto a auxiliar e dar a sua contribuição na solução da questão venezuelana", declarou.
A primeira reunião do Grupo de
Amigos da Venezuela deve ocorrer em Caracas nos próximos
dias, mas ainda não há uma data
determinada. Participam os ministros das Relações Exteriores
dos países que compõem o grupo.
Os integrantes também deverão
ter reuniões separadas com as
duas partes envolvidas. As decisões serão tomadas por consenso
e não por votação.
EUA
A embaixadora dos EUA em
Brasília, Donna Hrinak, disse ontem que o Grupo de Amigos deverá se ater a apoiar e propor idéias
ao secretário-geral da OEA, o colombiano César Gavíria.
"Vamos participar como um
dos amigos, como o Brasil também vai participar. Agora, o secretário-geral tem que decidir como o grupo melhor pode apoiar
os esforços que ele vai estar fazendo", disse Hrinak. A embaixadora
disse que a solução para a crise na
Venezuela deve ser encontrada
pela população daquele país, não
pelo grupo.
(FZ)
Colaborou a Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Oposição deve se ajustar à Constituição, diz Chávez Próximo Texto: Liderança brasileira é fato, admitem argentinos Índice
|