DA REDAÇÃO

Sob segurança reforçada em Monróvia e ante uma platéia que incluiu a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, e a primeira-dama americana, Laura Bush, a economista Ellen Johnson-Sirleaf tornou-se ontem a primeira mulher eleita a governar um país africano, assumindo a Presidência da Libéria.
No cargo, Johnson-Sirleaf, 67, terá como principais desafios os estragos deixados por 14 anos de uma guerra civil encerrada em 2003, que matou mais de 200 mil pessoas, e problemas tão básicos quanto a falta de água tratada e eletricidade que assola grande parte da população -a despeito da riqueza do país em diamantes, minério de ferro e madeira.
Ela também será pressionada a tomar medidas contra o ex-presidente Charles Taylor, exilado na Nigéria desde 2003 e contra quem pesam 17 acusações de crime de guerra praticados em Serra Leoa.
Em um comunicado, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, cumprimentou a nova presidente, afirmando que ela tem "um mandato histórico para liderar o país até um futuro de paz duradoura e estabilidade".
Usando um vestido creme e dourado e um turbante em tons claros, a economista foi empossada em uma cerimônia ao ar livre assistida por dignitários do mundo todo e centenas de liberianos.
"Vamos recomeçar, avançar em um futuro repleto de esperança e perspectivas", disse Johnson-Sirleaf em seu primeiro discurso presidencial. Ela prometeu combater a corrupção e manter transparentes os gastos do governo.
Os liberianos têm expectativas altas em relação à nova presidente -que esteve no exílio nos anos 80, estudou em Havard e é conhecida em seu país como "Mama Ellen"- e também aos EUA, país ao qual vêem como uma espécie de "padrinho". Mais velha república da África, a Libéria foi fundada em 1847 por escravos libertos nos EUA. Em 2005, Washington gastou mais de US$ 840 milhões com o país.
Johnson-Sirleaf derrotou o ex-astro de futebol George Weah nas eleições. O mandato é de seis anos. "Eu votei em George Weah, mas aceito Ellen porque ela é nossa mãe e tomará conta de nós", disse Benedict Newon, 19, que foi soldado quando criança.