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ATENTADOS EM MADRI
Pista marroquina mobiliza atenções da polícia e da força internacional que ajuda na investigação
Polícia busca mais 5 marroquinos suspeitos
JULIO GOMES FILHO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM MADRI
A polícia espanhola busca cinco
marroquinos suspeitos de terem
participado dos atentados da última quinta-feira, em Madri, que
deixaram 201 mortos. As investigações apontam para oito marroquinos, sendo que três deles já estão detidos -os outros cinco, segundo fontes da polícia, já podem
ter deixado o país.
Na localidade basca de San Sebastian, o argelino Ali Amrous foi
preso devido a um depoimento
dado à polícia dois meses atrás.
Na ocasião, ele havia declarado
que "a Espanha seria inundada de
mortes", citando a estação ferroviária de Atocha e o Paseo de Castellana, uma das principais avenidas da cidade, como "alvos". A
polícia acredita que o argelino
não tenha relação com os atentados em si, mas possa ajudar com
informações sobre os culpados.
Depois de apontar inicialmente
o grupo terrorista basco ETA como autor dos atentados, o governo espanhol, derrotado nas eleições de domingo passado, já voltou suas atenções completamente
para a Al Qaeda e seus braços espalhados pela África e a Europa.
Um dos três marroquinos atualmente detidos é Jamal Zougam,
identificado por duas testemunhas que o teriam visto em um
dos quatro trens alvos dos atentados. Zougam faria parte de grupos radicais islâmicos desde 1993
e estaria envolvido também em
um ataque que deixou 45 mortos
em abril do ano passado, na cidade marroquina de Casablanca. Os
outros cinco marroquinos não tiveram suas identidades reveladas.
A pista marroquina está centralizando todas as atenções da polícia local e da força internacional
que contribui com as investigações. Segundo a rádio Cadena Ser,
suspeita-se que um argelino, Said
Arel, e um jordaniano, Abu Mosad al Fakaui, tenham sido os articuladores dos ataques.
Abu Mosad al Fakaui, do grupo
terrorista Ansar al Islam, braço da
Al Qaeda, é apontado pelos serviços de inteligência dos EUA como
"suspeito número um" dos atentados de agosto de 2003 contra a
ONU no Iraque. A recompensa
para sua captura é atualmente de
US$ 10 milhões.
As investigações concentram-se
também nos explosivos e detonadores usados nos atentados
-uma das mochilas carregadas
acabou não explodindo e vem
sendo peça fundamental.
A gelatina explosiva utilizada
tem procedência espanhola e, segundo a fabricante, a União Espanhola de Explosivos, não há relatos de desvios ou roubo recentemente. A polícia está consultando
distribuidores em Marrocos e em
outros países do norte da África.
Especialista em explosivos, a
polícia espanhola vem recebendo
ajuda internacional para solucionar o quebra-cabeças em que se
transformou a investigação.
Estão sendo investigadas também listas de passageiros que chegaram à Espanha e saíram do país
nas últimas semanas, especialmente de vôos procedentes de
Marrocos. Isso porque há a possibilidade de que o grupo de terroristas tenha chegado pouco antes
da ação ao país, saindo rapidamente após o episódio.
"Estamos avançando e estão
aparecendo novos indícios. Agora é necessário deixar as forças de
segurança trabalharem", disse o
ministro do interior, Ángel Acebes, que ainda não se esqueceu do
ETA: "Não de pode descartar nenhuma opção".
Foi confirmada ontem a morte
de uma mulher de 45 anos que estava em um dos trens que explodiram em Atocha. Com isso, o total de mortos chegou a 201. Ainda
há 203 feridos hospitalizados, seis
deles em estado crítico.
Também ontem, uma missa foi
celebrada na catedral Almudena
em homenagem às vítimas. A celebração contou com a presença
de mais de 3.000 pessoas, entre
elas a rainha Sofia.
Em Marrocos, a chanceler da
Espanha, Ana Palacio, compareceu a uma cerimônia religiosa em
solidariedade aos espanhóis.
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