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Suíça suspende poder de Mobutu sobre mansão
das agências internacionais
O governo suíço congelou a posse de Mobutu Sese Seko sobre uma
mansão sua no país. A ordem não
se estende a suas contas bancárias.
A decisão da Justiça Federal suíça
se baseou em um pedido do promotor de Lubumbashi, ligado aos
rebeldes.
Nesta semana, a Suíça anunciara
que estava estudando o congelamento de todos os bens do ditador
no país, inclusive o dinheiro eventualmente depositado em suas
contas bancárias.
O conjunto de casas de Mobutu
fica no cantão de Vaud (oeste) e
está avaliado em US$ 2,5 milhões.
Ele vai constar no registro imobiliário, a partir de agora, como
"bloqueado", que "não pode ser
transferido até nova determinação".
Apesar do valor elevado, a mansão não é o bem mais valioso de
Mobutu no exterior. Em Portugal,
por exemplo, Mobutu tem uma
casa de 12 quartos no Algarve. A
propriedade mais valiosa é um
castelo na Bélgica, avaliado em
US$ 11,3 milhões.
Segundo o jornal britânico "Financial Times", o patrimônio total de Mobutu chegou a US$ 4 bilhões em meados dos anos 80.
O presidente do Zaire é (ou, pelo
menos, foi) proprietário de uma
fazenda de café no Brasil, também
segundo reportagem do "Financial Times", baseada em levantamento do patrimônio de Mobutu,
angariado em quase 32 anos no
poder.
A propriedade no Brasil foi provavelmente comprada por um testa-de-ferro do presidente.
O embaixador do Zaire no Brasil,
Boindombe Manzjia, disse à Folha, após conhecer a reportagem
do "Financial Times", que "é
possível" que o ditador seja dono
de uma fazenda de café no interior
no país.
O embaixador vem fazendo críticas ao próprio governo. Disse que Mobutu
provavelmente pôs pessoas da sua
confiança para cuidar do assunto.
Manzjia negou ter tratado sobre
qualquer assunto pessoal com o
presidente do Zaire, nos seus sete
anos de Brasil.
Segundo o embaixador, o estilo
de Mobutu consiste em manter
pessoas de sua confiança cuidando
de seus negócios, e ele não se considera um desses "eleitos". O ditador do Zaire visitou o Brasil apenas uma vez, em 1987.
Desvio
A maior parte do dinheiro do patrimônio de Mobutu foi desviado
de doações e financiamentos dados ao Zaire por organizações e
governos ocidentais.
Nos anos 70, o dinheiro obtido
com as exportações do país era
mantido em contas no exterior de
pessoas ligadas ao regime.
Mobutu contou com a complacência de autoridades ocidentais
para conseguir desviar o dinheiro.
O presidente era considerado um
aliado importante contra a ameaça
comunista durante a Guerra Fria.
"Quando Angola começou a ser
influenciada por Cuba, o Zaire era
considerado uma fortaleza em que
se podia confiar", disse Leo Tindemans, primeiro-ministro da
Bélgica entre 1974 e 1978.
Com a guerra civil em uma Angola independente, a partir de
1975, o dinheiro que seria dado pelos EUA à Unita foi enviado a Mobutu, com a expectativa de que
fosse transferido para o combate
de guerrilheiros apoiados pela
União Soviética.
Em 1982, o FMI (Fundo Monetário Internacional) recebeu um relatório denunciando a corrupção
financeira no país.
O documento não só foi ignorado pelo FMI como a ajuda destinada pelo órgão ao Zaire aumentou.
Hoje, o Banco Mundial e o FMI
calculam que a fortuna do presidente do Zaire, Mobutu Sese Seko,
está na casa dos US$ 6 bilhões.
De acordo com estimativa do
FMI, nos últimos anos, a fortuna
pessoal de Mobutu teria aumentado cerca de 50%.
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