São Paulo, domingo, 17 de junho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Meu filho é inocente", diz mãe do rapaz

DA REDAÇÃO

Afra França Pinheiro, 47, funcionária pública da Prefeitura de São Gabriel da Cachoeira, no Estado do Amazonas, viu seu filho João França Pinheiro pela última vez em maio de 2000, quando ele deixou sua casa para procurar emprego do outro lado da fronteira entre Brasil e Colômbia.
O único contato que ainda mantêm é um telefonema semanal de até cinco minutos. Essa situação poderá durar pelo menos mais seis meses, o tempo estimado para o processo de investigação sobre o rapaz.
"Não vai dar para aguentar seis meses. Se tiver de esperar seis meses, vai morrer. Está doente, com gastrite e problemas na vista", diz a viúva, de quem Pinheiro é o segundo de seis filhos (três homens e três mulheres). "Os guerrilheiros o pegaram e o amarraram. Ele tinha de escolher entre a vida na guerrilha ou a morte. É injusto. Meu filho é inocente."
Por telefone, no começo de abril, Pinheiro contou à mãe sua versão sobre como foi parar na guerrilha colombiana. O rapaz lhe relatou que trabalhava como mergulhador numa balsa de garimpo de um colombiano que não lhe pagou. "O patrão disse que queria uma reunião com os brasileiros. Como os outros sabiam [que era uma armadilha", foram embora. Ele ficou para receber o dinheiro."
Pinheiro estava no garimpo havia um mês quando supostamente foi sequestrado pelos rebeldes. Não contou à mãe, porém, quais eram suas tarefas na guerrilha. "Disse que ficava às ordens dos guerrilheiros, mas não falou o que fazia."
Segundo o que disse à mãe, Pinheiro fugiu um ano após o suposto sequestro. "Foi quando o Exército o prendeu", conta Afra. Ela diz que "já sabia que a guerrilha é uma coisa ruim".
Afra afirma que não pode pagar um advogado particular na Colômbia, o que lhe custaria cerca de US$ 1.700. Para conseguir a libertação do filho, diz que pretende inclusive escrever para o presidente Fernando Henrique Cardoso. (RPM)


Texto Anterior: Colômbia: Brasileiro é preso por integrar as Farc
Próximo Texto: Guerrilha nega que faça recrutamento forçado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.