São Paulo, domingo, 17 de junho de 2001

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EUROPA

Presidente russo voltou a anunciar oposição a escudo antimísseis; reunião transcorreu em clima descontraído

Bush e Putin anunciam "diálogo contínuo"

France Presse
Os presidentes George W. Bush (EUA) e Vladimir Putin (Rússia) antes da reunião na Eslovênia


DA REDAÇÃO

O presidente norte-americano, George W. Bush, e seu colega russo, Vladimir Putin, reuniram-se ontem ontem pela primeira vez e anunciaram a intenção de manter um "diálogo contínuo" entre EUA e Rússia.
O encontro, realizado perto da capital da Eslovênia, Liubliana, foi dominado pelos planos de Bush de construir um escudo antimísseis -prioridade de política externa de seu governo-, mas incluiu temas como a ampliação da Otan (aliança militar ocidental) e a situação nos Bálcãs, além das reformas econômicas na Rússia.
Bush tentou obter o apoio de Moscou ao escudo -que, segundo os EUA, é voltado para a defesa contra Estados "irresponsáveis". O presidente da Rússia afirmou que "existem diferenças" entre os dois países e voltou a anunciar a oposição russa ao escudo antimísseis. Disse, no entanto, que a reunião superou suas expectativas e descreveu o diálogo como "aberto e franco".
O governo Bush considera o Tratado Antimísseis Balísticos (TAB), assinado pelos EUA e pela União Soviética em 1972 e que impõe restrições a sistemas antimísseis, uma "relíquia da Guerra Fria" que deve ser abandonada.
A Rússia afirma que o escudo de defesa proposto por Bush reduziria a capacidade do arsenal nuclear russo e causaria uma nova corrida armamentista que incluiria também a China.
Segundo Putin, o TAB é a "pedra fundamental" da concepção de segurança moderna.
Putin elogiou a afirmação de Bush de que EUA e Rússia não são mais inimigos. "A base das minhas discussões com Putin será a seguinte: a Rússia não é inimiga dos EUA, nosso relacionamento não é baseado no antagonismo e nos velhos preconceitos da Guerra Fria e eu anseio por obter uma aproximação construtiva", disse Bush na última segunda-feira.
Bush afirmou ontem que os EUA querem "uma relação respeitosa com a Rússia" e que, juntos, esses países podem "fazer do mundo um lugar mais seguro".
O presidente dos EUA disse que o diálogo foi "construtivo" e elogiou Putin. Ele o descreveu como "muito direto e confiável", além de dizer que é um homem que "ama seu país e sua família".
EUA e Rússia concordaram em se reunir novamente para discutir o sistema de segurança dos dois países. Os presidentes trocaram convites para novas reuniões em Washington e Moscou.
As negociações iniciais, que originalmente durariam 30 minutos, levaram cerca de uma hora e meia. Em seguida, eles deixaram o castelo de Brdo, perto de Liubliana, e passearam pelos jardins do local, o que aparentemente não fazia parte da programação.
Poucos minutos após o início do passeio, ambos os líderes dispensaram os intérpretes. Quando foram questionados sobre a língua que estavam falando, Putin disse: "inglês".
Depois, pouco antes do início de uma segunda reunião, desta vez com um grupo de assessores, Bush foi questionado sobre a razão pela qual o primeiro encontro se prolongou. "Fizemos isso porque realmente nós nos entrosamos bem", afirmou.
Antes das reuniões, os presidentes afirmaram ter tido uma boa impressão um do outro.
Anteontem a conselheira para Segurança Nacional de Bush, Condoleezza Rice, havia tentado desestimular expectativas de que Bush pudesse persuadir Putin a concordar com o projeto de escudo antimísseis. "Não creio que os dois presidentes venham a elaborar no encontro um novo quadro de segurança", disse.


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