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ELEIÇÕES
Pesquisas dão ampla vantagem a Saxe-Coburgotski
Voto de protesto pode colocar ex-rei búlgaro no cargo de premiê
DO "THE INDEPENDENT"
Simeon Borisov Saxe-Coburgotski, coroado rei da Bulgária
aos seis anos de idade e deposto
por comunistas três anos depois,
deve voltar ao poder hoje como
primeiro-ministro.
O ex-monarca e empresário de
64 anos, que viveu na Espanha
por décadas, chega ao pleito com
40% das intenções de voto nas
pesquisas.
Recentemente, descendentes
das famílias reais do Leste Europeu que reinaram em Romênia,
Sérvia e Albânia no passado vieram a público para tentar retornar ao poder como monarcas. As
tentativas, porém, fracassaram. O
rei Leka da Albânia, por exemplo,
não conseguiu aprovar a volta da
monarquia em plebiscito, tentou
aplicar um golpe de Estado e, derrotado, foi para a África do Sul.
Saxe-Coburgotski, que pôde retornar à Bulgária pela primeira
vez em 1996, optou por um jogo
mais perspicaz. Ele insiste em dizer que não tem vontade de se tornar rei (pelo menos não por ora).
"Não sou um monarca em exercício. Sou um cidadão búlgaro livre para fazer o que quiser", diz o
antigo rei. Seu partido, o Movimento Nacional Simeon 2º (em
alusão a sua coroação, em 1943),
foi criado há apenas dois meses,
mas já se destaca mais que os socialistas e o FDU (Forças Democráticas Unidas).
As pesquisas de intenção de voto mostram que o partido do ex-rei tem cerca de 40% das preferências, mais do que o dobro da
FDU e dos socialistas.
Saxe-Coburgotski foi recebido
calorosamente pelos eleitores em
suas viagens pelo país. Não está
claro, porém, qual é a sua receita
para levantar a economia do país.
A inflação baixou da marca de
1.000% anuais, atingida em 1997,
mas a renda da população continua baixíssima -em média US$
98 por mês.
A discrição é o maior trunfo do
ex-rei. Oficialmente, ele nem se
declarou como provável primeiro-ministro, alegando que isso seria "pretensioso". "Vamos ver
primeiro o que o povo diz." Alguns apostam que ele disputará a
sucessão do presidente Petar Stoyanov -que, como o atual premiê, Ivan Kostov, é da FDU.
Parte do sucesso de Saxe-Coburgotski advém da desilusão da
população com os outros partidos. Nove entre dez eleitores búlgaros acham que a FDU seja corrupta. Os socialistas também perderam o crédito que um dia tiveram. Em suma, trata-se de um
clássico voto de protesto.
Embora seja difícil prever se Simeon e seu partido poderão fazer
algo pela economia do país, eles
deverão pelo menos aproximar a
Bulgária do hoje distante sonho
de entrar na União Européia.
O ex-rei não está só. Vários de
seus assessores são ex-expatriados com passagens por empresas
como Merrill Lynch e PricewaterhouseCoopers. A atuação do antigo rei como premiê ainda é uma
incógnita, mas muitos búlgaros
apostam que ele dificilmente venha a ser pior do que os outros.
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