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O OPOSICIONISTA
Argentina: a aliança do século 21
FERNANDO DE LA RÚA
especial para a Folha
Nos últimos anos fomos testemunhas da forma vertiginosa
com que acontecem as mudanças no mundo. A globalização,
com suas vantagens e desvantagens, influi na vida de todos os
países.
O grande desafio dos dirigentes do mundo é conseguir com
que essas mudanças beneficiem
a maior quantidade de pessoas
possível. Na Argentina, as mudanças que as pessoas exigem
são basicamente ter um maior
equilíbrio e justiça social. Essa
foi uma das principais razões da
criação da Aliança que lidero
em meu país.
A Aliança, integrada pela
União Cívica Radical e pela Frepaso (Frente País Solidário),
não é uma união temporária
contra uma pessoa determinada: é um acordo programático e
político criado para enfrentar
um modelo excludente que
concentrou em pouquíssimos
os benefícios do trabalho e do
esforço de todo o povo.
Durante dez anos, o modelo
imposto na Argentina produziu
profundos desequilíbrios sociais. Um governo não pode permanecer indiferente quando há
pessoas que sofrem. Para que isso
não ocorra, o Estado deve fortalecer as políticas sociais porque sem
elas é impossível crescer com
equidade.
O desenvolvimento social significa criar oportunidades de trabalho, educação, saúde e lutar contra a pobreza. Isso é a Aliança.
No mundo global do século 21,
as crises ou as bonanças que ocorrem em um lugar do mundo repercutem em outro distante. A
globalização não deve nos afetar
apenas quando grandes economias entram em crise, mas também para compartilhar os benefícios do progresso.
As más experiências internacionais afetaram nosso país, mas essa é apenas uma das causas. A fragilidade de uma economia demasiado dependente de capitais voláteis produziu o fato de que cada
percalço internacional nos afetará
mais do que seria recomendável.
A competitividade de um país é
obtida com o bom funcionamento de suas instituições. Sermos
austeros e eficientes no manejo de
nossa economia permitirá a nossa
inserção no mundo. A cena internacional nos indica que não se
pode viver
isolado do
resto dos países, mas podemos ser
dignos na defesa de nossos interesses.
Para combater a crise
com eficiência, devemos
ser sérios e
responsáveis.
Em matéria
econômica
não há soluções que
caem dos
céus. Um
país que
honre seus
compromissos e impulsione o crescimento da
região ganhará o respeito de toda
a comunidade internacional.
Apenas a capacidade e a experiência são a garantia para colocar o
país a caminho do crescimento.
O compromisso e o desafio central da Aliança é a mudança. É
possível governar a Argentina de
maneira decente e eficaz. Uma
década marcada pela corrupção
mais escandalosa e pela impunidade vai pertencer ao passado, e
os responsáveis irão para a cadeia.
Durante dez anos nos disseram
que o Estado não poderia fazer
nada ante as injustiças e os desequilíbrios produzidos pelo mercado. Mas é falsa a idéia de um
mercado auto-regulável. O Estado deve estar a serviço das pessoas e daqueles que querem trabalhar e produzir. A igualdade de
oportunidades, de acesso à educação e à saúde, e a oportunidade
de viver em um país seguro são a
essência de uma força política formada pelo clamor popular.
A Aliança representa um novo
caminho na Argentina. É a única
alternativa a um modelo que aqui
foi tomado como algo único, irremovível, insubstituível.
Por isso, propomos compatibilizar o crescimento econômico
com o desenvolvimento social,
que significa ocupar-se da educação, da saúde, da luta contra a pobreza, de criar trabalho e atender
à seguridade social.
Definitivamente, gerar o crescimento com equidade, sem se esquecer das pessoas. Impulsionar
uma maior eficiência na ação do
Estado, para que se possa resolver
os problemas da exclusão, e promover o crescimento econômico
por meio da confiança e da previsibilidade.
A Argentina do próximo século
será um protagonista, e não um
simples espectador das mudanças
que ocorrerem no mundo. Grandes desafios nos esperam, mas
com capacidade, decência e responsabilidade será mais fácil.
Fernando de la Rúa, prefeito de Buenos Aires, é candidato à Presidência da Argentina
pela coalizão de oposição Aliança.
(IPS)
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