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Chinês é preso por defender Taleban
DO ENVIADO A JABAL-SARAJ
Ao contrário dos fundamentalistas de encomenda
apresentados pela Aliança
do Norte, o chinês Abdul Jalil é um exemplo de como o
Taleban conquista mentes.
Prisioneiro em Doo-Ab, a
cadeia onde ficam os soldados capturados pelos rebeldes, ele dá um depoimento
que soa verdadeiro.
Dessa vez, não foi o diretor
da prisão, Abdul Qauen,
quem escolheu o entrevistado. Qauen aceitou o pedido
para apresentar um dos dois
chineses presos em Doo-Ab.
Entre os estrangeiros, há
mais 19 detentos: 14 paquistaneses, 3 iraquianos, 1 do
Iêmen e 1 de Bahrein. Trezentos e cinquenta e nove
são afegãos que lutavam no
Exército do Taleban.
Nascido na Província chinesa de Xinjiang, onde há
forte presença muçulmana,
Jalil foi estudar em Cabul em
1997. "Eu vim para o Afeganistão porque o Taleban tem
o mais verdadeiro estado islâmico", diz o rapaz de 22
anos e preso desde 1999.
Numa madrassa [escola islâmica", ele e mais cinco turcos estudavam o Alcorão
quando foram incentivados
pelo professor a pegar em
armas para defender o islã e
enfrentar "os maus muçulmanos" da Aliança do Norte. O nome de Osama bin Laden foi mencionado algumas vezes na madrassa.
Para ir para o campo de
batalha, Jalil conta que treinou durante 20 dias. Esse tipo de treinamento com jovens que sofrem uma espécie de lavagem cerebral é um
exemplo dos exércitos de
camponeses que são o Taleban e a Aliança do Norte. Os
dois lados mentem quando
falam ter um número elevado de soldados treinados. A
maioria é despreparada.
Jalil foi capturado pela
Aliança do Norte em 1999,
na frente de combate de Sarak-e-Kona, distante menos
de 30 km de Cabul.
Jalil conta que ficou frustrado com o Taleban porque
esperava ser socorrido pelos
colegas. Tem esperança de
que, terminada a guerra,
com a derrota do grupo extremista que governa o Afeganistão, possa ser aceito
por algum país. "Não quero
voltar para a China", diz,
achando que não seria bem
recebido no seu país por ter
sido preso no Afeganistão.
O grande sonho de Jalil
não é difícil de ser adivinhado. Ele diz que há noites em
que sonha que está livre.
"Mas, de manhã, vejo que
não estou livre e tenho de
aceitar isso."
(KA)
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