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São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

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MUNDO ISLÂMICO

Declarações feitas ante chefes de governo de países islâmicos são criticadas por fomentar anti-semitismo

Premiê malaio pede união muçulmana contra judeus

DA REDAÇÃO

O premiê da Malásia, Mahathir Mohamad, disse ontem na Organização da Conferência Islâmica que os muçulmanos deveriam se unir para combater a "dominação dos judeus sobre o mundo".
Líderes judaicos e Israel criticaram o premiê, afirmando que as suas declarações podem disseminar o anti-semitismo e provocar ações violentas contra judeus. O governo alemão divulgou nota oficial afirmando que as declarações feitas por Mahathir "são totalmente inaceitáveis".
Os muçulmanos, segundo Mahathir, não deveriam usar a violência para atingir esse objetivo. Mas, para o premiê, os muçulmanos têm sido inábeis para responder ao que ele chama de "dominação judaica sobre o mundo".
"Os europeus mataram 6 milhões de um total de 12 milhões de judeus. Mas hoje os judeus governam o mundo por procuração. Eles têm outros para lutar e morrer por eles", disse Mahathir, que é o anfitrião da OCI.
"Nós estamos lutando contra um povo que pensa. Eles sobreviveram a 2.000 anos aos pogrons sem revidar a ataques. Mas pensando", afirmou ontem Mahathir, que deixará o poder no dia 31, após 22 anos.
"Por mais de meio século nós estamos lutando na Palestina. E o que conseguimos? Nada. Estamos piores do que antes. Se tivéssemos parado para pensar, então poderíamos ter elaborado um plano, uma estratégia que nos levasse à vitória", acrescentou.
O premiê disse ainda que os judeus inventaram "o socialismo, o comunismo, os direitos humanos e a democracia" para evitar a perseguição e ganhar o controle sobre os mais poderosos países.
Após as suas declarações, Mahathir foi aplaudido pelos líderes islâmicos presentes, entre eles o chanceler egípcio Ahmed Maher, que classificou a estratégia de "muito importante". O Egito mantém relações com Israel. O presidente afegão, Hamid Karzai, aliado incondicional dos EUA, foi outro que elogiou as declarações.
Em Israel, um porta-voz da Chancelaria expressou desapontamento com Mahathir. "As declarações poderiam ser mais moderadas e responsáveis", disse.
O rabino Abraham Cooper, do Centro Simon Wiesenthal em Los Angeles, afirmou: "O que é mais chocante é o local das declarações, a audiência e o momento. É um convite para mais crimes odiosos e terrorismo contra os judeus."


Com agências internacionais

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