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IRAQUE OCUPADO
Decisão é unânime; Paris, Berlim e Moscou elogiam texto, mas dizem que não enviarão tropas nem mais dinheiro
ONU aprova resolução dos EUA sobre Iraque
DA REDAÇÃO
Com uma inesperada unanimidade, os EUA conseguiram ontem aprovar no Conselho de Segurança da ONU uma nova proposta de resolução sobre o Iraque
-até a Síria, o único país árabe
no órgão, ratificou o documento.
O presidente George W. Bush
agradeceu. Colin Powell, seu secretário de Estado, afirmou se tratar de "uma grande conquista para todo o conselho" e que "as divergências ficaram para trás".
Mas a França, a Rússia e a Alemanha já afirmaram que o voto favorável na ONU não se traduzirá em
soldados nem em mais dinheiro,
como quer Washington.
O texto aprovado ontem com 15
votos -nove seriam suficientes- é a quarta versão da proposta americana e resulta de intensas
negociações entre os EUA e os
três países -França e Rússia têm
poder de veto no conselho.
Desde o início Washington buscava uma aprovação em uníssono, já que uma decisão avalizada
por apenas parte do conselho não
daria a força necessária para angariar a tão esperada ajuda financeira e militar. Para isso, ouviu
seus colegas de CS e até fez concessões -a maior delas sendo fixar um prazo até 15 de dezembro
para o Conselho de Governo Iraquiano entregar um cronograma
da transição política em Bagdá.
Mas conseguiu passar a proposta sem datar o fim da ocupação e
sem entregar à ONU o controle do
processo, como pediam seus interlocutores. O documento recomenda que o organismo internacional "fortaleça" seu papel, mas
sempre no plano do "auxílio".
Sem condições
O resultado é que a esperada colaboração também será limitada.
"Não foram criadas as condições para que nós consideremos
nenhum compromisso militar e
nenhuma contribuição financeira
maior do que aquela com que já
nos comprometemos", diz um
comunicado conjunto da Alemanha, da França e da Rússia. A
União Européia prevê doar US$
230 milhões até o fim de 2004.
Ainda assim, os três países citaram melhorias no texto após a negociação e disseram que a resolução é "um passo na direção certa".
Dos 26 artigos na resolução, seis
tratam da assistência financeira.
Outros três pedem ajuda militar e
criam uma força multilateral, sob
a chancela da ONU e o comando
dos EUA, que vigorará por um
ano, com mandato renovável.
"[A aprovação] terá efeito positivo sobre alguns países que queriam uma nova resolução. Mas temos que esperar para ver quais
são esses países e quantos serão os
soldados", disse o secretário da
Defesa, Donald Rumsfeld.
Colin Powell, no entanto, disse
que não esperava que a aprovação
do texto levasse muitos soldados
estrangeiros ao Iraque -a principal demanda dos EUA, que tentam reduzir seu contingente de
130 mil homens no país após sofrerem quase cem baixas em ataques no pós-guerra.
"Eu não vejo essa resolução
abrindo portas para soldados [estrangeiros]", disse. Para ele, o
processo de negociação continuará. "Agora entraremos em contato com esses países para saber do
que mais eles precisam."
Na semana que vem, ocorre em
Madri uma conferência de doadores na qual os EUA esperam
angariar fundos para o Iraque.
O secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, que criticara as versões
anteriores do documento, teria
telefonado a membros do conselho, segundo o governo dos EUA,
pedindo unidade na votação.
"É essencial para o povo iraquiano, para a região e para toda a
comunidade internacional que tenhamos sucesso em obter a paz
no Iraque", disse Annan, que ordenou a retirada de 95% de seu
pessoal do país após a sede da
ONU em Bagdá sofrer dois atentados com saldo de 24 mortos. Ele
ainda pediu que a implementação
da resolução leve em conta a segurança dos funcionários da ONU.
Com agências internacionais
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