UOL


São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

Decisão é unânime; Paris, Berlim e Moscou elogiam texto, mas dizem que não enviarão tropas nem mais dinheiro

ONU aprova resolução dos EUA sobre Iraque

DA REDAÇÃO

Com uma inesperada unanimidade, os EUA conseguiram ontem aprovar no Conselho de Segurança da ONU uma nova proposta de resolução sobre o Iraque -até a Síria, o único país árabe no órgão, ratificou o documento.
O presidente George W. Bush agradeceu. Colin Powell, seu secretário de Estado, afirmou se tratar de "uma grande conquista para todo o conselho" e que "as divergências ficaram para trás". Mas a França, a Rússia e a Alemanha já afirmaram que o voto favorável na ONU não se traduzirá em soldados nem em mais dinheiro, como quer Washington.
O texto aprovado ontem com 15 votos -nove seriam suficientes- é a quarta versão da proposta americana e resulta de intensas negociações entre os EUA e os três países -França e Rússia têm poder de veto no conselho.
Desde o início Washington buscava uma aprovação em uníssono, já que uma decisão avalizada por apenas parte do conselho não daria a força necessária para angariar a tão esperada ajuda financeira e militar. Para isso, ouviu seus colegas de CS e até fez concessões -a maior delas sendo fixar um prazo até 15 de dezembro para o Conselho de Governo Iraquiano entregar um cronograma da transição política em Bagdá.
Mas conseguiu passar a proposta sem datar o fim da ocupação e sem entregar à ONU o controle do processo, como pediam seus interlocutores. O documento recomenda que o organismo internacional "fortaleça" seu papel, mas sempre no plano do "auxílio".

Sem condições
O resultado é que a esperada colaboração também será limitada.
"Não foram criadas as condições para que nós consideremos nenhum compromisso militar e nenhuma contribuição financeira maior do que aquela com que já nos comprometemos", diz um comunicado conjunto da Alemanha, da França e da Rússia. A União Européia prevê doar US$ 230 milhões até o fim de 2004.
Ainda assim, os três países citaram melhorias no texto após a negociação e disseram que a resolução é "um passo na direção certa".
Dos 26 artigos na resolução, seis tratam da assistência financeira. Outros três pedem ajuda militar e criam uma força multilateral, sob a chancela da ONU e o comando dos EUA, que vigorará por um ano, com mandato renovável.
"[A aprovação] terá efeito positivo sobre alguns países que queriam uma nova resolução. Mas temos que esperar para ver quais são esses países e quantos serão os soldados", disse o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld.
Colin Powell, no entanto, disse que não esperava que a aprovação do texto levasse muitos soldados estrangeiros ao Iraque -a principal demanda dos EUA, que tentam reduzir seu contingente de 130 mil homens no país após sofrerem quase cem baixas em ataques no pós-guerra.
"Eu não vejo essa resolução abrindo portas para soldados [estrangeiros]", disse. Para ele, o processo de negociação continuará. "Agora entraremos em contato com esses países para saber do que mais eles precisam."
Na semana que vem, ocorre em Madri uma conferência de doadores na qual os EUA esperam angariar fundos para o Iraque.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que criticara as versões anteriores do documento, teria telefonado a membros do conselho, segundo o governo dos EUA, pedindo unidade na votação.
"É essencial para o povo iraquiano, para a região e para toda a comunidade internacional que tenhamos sucesso em obter a paz no Iraque", disse Annan, que ordenou a retirada de 95% de seu pessoal do país após a sede da ONU em Bagdá sofrer dois atentados com saldo de 24 mortos. Ele ainda pediu que a implementação da resolução leve em conta a segurança dos funcionários da ONU.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Mundo Islâmico: Premiê malaio pede união muçulmana contra judeus
Próximo Texto: Analista minimiza vitória dos EUA na ONU
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.