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GOVERNO
Para chanceler, Lula é o melhor mediador
DO ENVIADO A LA PAZ
Eliminada as possibilidades de
negociação interna, o governo de
Gonzalo Sánchez de Lozada busca agora a mediação do governo
brasileiro para encontrar uma saída para a crise mais grave da Bolívia nas últimas duas décadas.
"A mediação internacional poderia ser uma alternativa", disse o
chanceler boliviano, Carlos Saavedra, em entrevista à Folha. O
governo boliviano considera o
Brasil do presidente Luis Inácio
Lula da Silva o mediador ideal devido à proximidade ideológica
com o líder opositor Evo Morales.
Ontem, um assessor do presidente pediu à reportagem informações sobre a eventual chegada
do assessor de Lula para assuntos
externos, Marco Aurélio Garcia.
A Folha ainda ouviu Saavedra
dizer ao telefone celular: "Insista
com o Brasil, insista com o Brasil
(...) para falar com Evo Morales".
Porém na entrevista Saavedra negou um contato oficial.
(FM)
Folha - A Bolívia pediu ajuda para
o Brasil ou o governo do presidente
Lula se ofereceu?
Carlos Saavedra - Nós recebemos a informação de que, em visita oficial do presidente Lula à Argentina, ele falou em discurso que
a Bolívia atravessa uma situação
difícil e que todos deveriam ajudar o país. Em razão dessa informação e de estarem esgotadas todas as possibilidades de diálogo
interno, a mediação internacional
poderia ser uma alternativa.
Folha - O senhor conversou com
Marco Aurélio Garcia?
Saavedra - Eu não tenho nenhum nome de quem poderia ser
o mediador, não há nenhuma
conversa oficial com o Brasil, nem
com o chanceler Celso Amorim,
com quem conversei duas vezes
(na terça-feira) sobretudo para
informar sobre a situação da Bolívia. Não há nada oficial.
Folha - Se o Brasil oferecesse a
mediação, a Bolívia aceitaria?
Saavedra - Acho que hoje a liderança do presidente Lula é enorme no continente sul-americano,
e o governo teria de analisar. Minha opinião pessoal é que Lula
tem o prestígio e a possibilidade
de ajudar a Bolívia a chegar a um
encontro entre as partes dentro
do processo democrático. A Bolívia aceitaria qualquer mediação
no limite constitucional. A Bolívia
elegeu um presidente que ainda
tem quatro anos de mandato.
Folha - O governo considera Lula
a melhor possibilidade de abrir um
diálogo com Evo Morales?
Saavedra - Lula tem o prestígio
necessário para contribuir para a
manutenção da democracia, não
apenas na Bolívia, mas no continente americano.
Folha - Há estudos para exportar
o gás via gasoduto Brasil-Bolívia?
Saavedra - Recebemos a notícia
do Brasil no sentido de ajudar a
Bolívia no que se refere a uma saída de gás para o mercado americano. Teremos de estudar, é uma
questão de rentabilidade e dos benefícios que a Bolívia receberia.
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