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São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

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GOVERNO

Para chanceler, Lula é o melhor mediador

DO ENVIADO A LA PAZ

Eliminada as possibilidades de negociação interna, o governo de Gonzalo Sánchez de Lozada busca agora a mediação do governo brasileiro para encontrar uma saída para a crise mais grave da Bolívia nas últimas duas décadas.
"A mediação internacional poderia ser uma alternativa", disse o chanceler boliviano, Carlos Saavedra, em entrevista à Folha. O governo boliviano considera o Brasil do presidente Luis Inácio Lula da Silva o mediador ideal devido à proximidade ideológica com o líder opositor Evo Morales.
Ontem, um assessor do presidente pediu à reportagem informações sobre a eventual chegada do assessor de Lula para assuntos externos, Marco Aurélio Garcia.
A Folha ainda ouviu Saavedra dizer ao telefone celular: "Insista com o Brasil, insista com o Brasil (...) para falar com Evo Morales". Porém na entrevista Saavedra negou um contato oficial. (FM)

Folha - A Bolívia pediu ajuda para o Brasil ou o governo do presidente Lula se ofereceu?
Carlos Saavedra
- Nós recebemos a informação de que, em visita oficial do presidente Lula à Argentina, ele falou em discurso que a Bolívia atravessa uma situação difícil e que todos deveriam ajudar o país. Em razão dessa informação e de estarem esgotadas todas as possibilidades de diálogo interno, a mediação internacional poderia ser uma alternativa.

Folha - O senhor conversou com Marco Aurélio Garcia?
Saavedra -
Eu não tenho nenhum nome de quem poderia ser o mediador, não há nenhuma conversa oficial com o Brasil, nem com o chanceler Celso Amorim, com quem conversei duas vezes (na terça-feira) sobretudo para informar sobre a situação da Bolívia. Não há nada oficial.

Folha - Se o Brasil oferecesse a mediação, a Bolívia aceitaria?
Saavedra -
Acho que hoje a liderança do presidente Lula é enorme no continente sul-americano, e o governo teria de analisar. Minha opinião pessoal é que Lula tem o prestígio e a possibilidade de ajudar a Bolívia a chegar a um encontro entre as partes dentro do processo democrático. A Bolívia aceitaria qualquer mediação no limite constitucional. A Bolívia elegeu um presidente que ainda tem quatro anos de mandato.

Folha - O governo considera Lula a melhor possibilidade de abrir um diálogo com Evo Morales?
Saavedra -
Lula tem o prestígio necessário para contribuir para a manutenção da democracia, não apenas na Bolívia, mas no continente americano.

Folha - Há estudos para exportar o gás via gasoduto Brasil-Bolívia?
Saavedra -
Recebemos a notícia do Brasil no sentido de ajudar a Bolívia no que se refere a uma saída de gás para o mercado americano. Teremos de estudar, é uma questão de rentabilidade e dos benefícios que a Bolívia receberia.

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