São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 2005

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EUA admitem ter usado no Iraque arma incendiária

DA REDAÇÃO

O Pentágono reconheceu ontem ter usado bombas incendiárias de pó fosforescente feitas com fósforo branco durante uma ofensiva contra a insurgência iraquiana na cidade de Fallujah, em 2004, mas argumentou que sua utilização é legal.
O coronel Barry Venable, porta-voz do Pentágono, negou que o armamento, que produz profundas queimaduras na pele, tenha sido aplicado contra civis.
"Negamos categoricamente essa afirmação", disse Venable.
Documentário exibido pela rede italiana RAI no início deste mês afirmou, com base em relatos de ex-marines, que as bombas haviam sido usadas indiscriminadamente contra homens, mulheres e crianças em Fallujah.
Os EUA afirmam que o artefato serve para localizar os inimigos, tornando-os brilhantes durante a noite. "É parte de nosso estoque de armas convencionais e o usamos como qualquer outra arma", disse Bryan Whitman, outro porta-voz do Pentágono.
Venable disse que o uso de fósforo branco não é ilegal ou proibido por nenhuma convenção. No entanto um protocolo da Convenção de Armas Convencionais, que entrou em vigor em 1983, proíbe a utilização de armas incendiárias contra civis ou contra alvos militares em áreas com grande concentração de civis (leia texto abaixo).
As bombas de fósforo branco não são consideradas armas químicas. A substância se incendeia rapidamente em contato com oxigênio em temperaturas de cerca de 30 C, produzindo uma fumaça branca e chamas difíceis de serem apagadas.
Em referência à operação de 8 a 20 de novembro em Fallujah, a mais intensa desde a queda de Bagdá, em abril de 2003, o coronel Venable afirmou que as bombas foram usadas pelas forças americanas para iluminação, sua "aplicação clássica", bem como contra "insurgentes que estavam em posições encobertas e que não podiam ser desalojados de outra maneira". Nessa ofensiva, de acordo com os EUA, morreram de mil a 2.000 insurgentes sunitas, 38 soldados americanos e seis militares iraquianos.
O Reino Unido também negou o uso do fósforo branco contra civis. "No Exército britânico usamos o fósforo branco apenas como uma cortina de fumaça", disse o ministro da Defesa, John Reid.
Cinco marines morreram ontem durante uma operação contra a insurgência em Obeidi, próximo à fronteira com a Síria, segundo o Exército dos EUA.
Outros três soldados americanos morreram anteontem após uma explosão numa estrada perto de Bagdá. A explosão de um carro-bomba em Karmah matou mais um marine.


Com agências internacionais

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