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São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Chirac condena ação unilateral e pede mais tempo a inspetores; EUA dizem que não precisam de ONU para ataque

EUA e França discordam sobre guerra

Patricia Santos/Folha Imagem
Manifestantes queimam a bandeira dos EUA com uma suástica em frente ao consulado americano em São Paulo, em ato contra uma guerra contra o Iraque que reuniu cerca de 300 pessoas


DA REDAÇÃO

O presidente da França, Jacques Chirac, firmou ontem posição enfática contra uma ofensiva unilateral dos EUA contra o Iraque. Disse que uma ação do tipo violaria o direito internacional e pediu mais tempo aos inspetores da ONU para que o desarmamento iraquiano se dê de forma pacífica.
Washington, porém, segue enviando tropas à região -sete navios com dez mil homens partiram ontem para o golfo Pérsico.
Em declaração ao diário alemão "Sueddeutsche Zeitung", o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse que, até o fim do mês, já "estará provado que o Iraque não está cooperando" com a ONU. Disse ainda que o presidente George W. Bush está disposto a assumir "só e com os países que pensam como nós" a responsabilidade de uma guerra se "a comunidade internacional não estiver disposta" a fazê-lo.
Powell afirmou que Washington não vê necessidade de uma nova votação no CS para autorizar o uso da força. "Sempre deixamos claro que a ONU agirá sem uma segunda resolução se tivermos a opinião firme de que o Iraque tem armas de destruição em massa e deseja produzir outras novas", declarou o secretário.
O presidente francês falou após reunião em Paris com o chefe dos inspetores da ONU, o sueco Hans Blix, e o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, o egípcio Mohamed El Baradei.
No próximo dia 27, Blix e El Baradei farão um balanço de sua missão ao Conselho de Segurança (CS) da ONU e deverão pedir mais tempo para concluir o trabalho de inspeção.
Em Paris, Blix disse que o Iraque precisa adotar iniciativas concretas para demonstrar que não está jogando um "jogo de gato e rato" com os inspetores.
"Os inspetores pediram mais tempo", disse Chirac, para "obterem conclusões que possam convencer a comunidade internacional". Chirac disse que qualquer decisão sobre um ataque precisa de aprovação do CS da ONU.
Alemanha e Rússia defendem posição parecida. Para o premiê alemão, Gerhard Schröder, é necessário dar aos inspetores "o tempo que eles necessitam".
"Acreditamos que o trabalho está dando frutos e que seria sábio que os inspetores tivessem mais tempo... talvez todo o mês de fevereiro", afirmou o premiê italiano, Silvio Berlusconi, que costuma adotar posições mais próximas dos EUA.
Os EUA e o Reino Unido, no entanto, parecem dispostos a acelerar o cronograma rumo ao conflito para evitar combates durante o tórrido calor do verão no deserto iraquiano, que atinge seu pico no meio do ano.
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"Suicídio" em Bagdá
Em discurso para marcar o 12º aniversário do início da Guerra do Golfo (1991), Saddam prometeu ontem derrotar os EUA. "Bagdá está determinada a forçar os mongóis de nossa era a cometer suicídio em seus portões", disse, em alusão aos exércitos mongóis que, em 1258, saquearam Bagdá.

Com agências internacionais


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