São Paulo, Terça-feira, 18 de Maio de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AVANÇO LAICO
Partidos religiosos devem deixar de ser o fiel da balança na formação do governo; coalizão se apoiará em grupos laicos
Votação abala poder de religiosos em Israel

MARCELO STAROBINAS
especial para a Folha

Os partidos que representam a direita religiosa e os ultra-ortodoxos estão entre os derrotados nas eleições de ontem em Israel. O premiê eleito, Ehud Barak, deve conseguir compor uma coalizão de governo confortável apenas com laicos do centro e da esquerda.
Nas duas últimas legislaturas, os religiosos eram o fiel da balança. Nenhum dos dois grandes partidos -Trabalhista (centro-esquerda) e Likud (direita)- conseguiam formar maioria para governar sem a sua participação.
Segundo as previsões de boca-de-urna, Ehud Barak poderia ter uma coalizão com até mais de 70 das 120 cadeiras sem a participação de partidos religiosos.
Ela seria composta pela coligação trabalhista Um Israel (33 cadeiras, segundo previsões do canal 1 da TV israelense), partidos árabes (7), Meretz (esquerda, 10), Partido do Centro (5), Israel Baaliá (dos imigrantes "russos", 6), Shinui (anti-religioso, 6) além de deputados de partidos pequenos.
Os religiosos devem aumentar sua participação em um deputado, totalizando 24. O Shas deve eleger 15 representantes, o Partido Nacional Religioso, 5, e o Judaísmo Unido da Torá, 4.
O grande sucesso do Shinui (Mudança) -com previsão de 6 cadeiras, contra nenhuma na última legislatura- é a principal evidência do cansaço de grande parte do eleitorado com o poder político dos religiosos. O Shinui carregava slogans contra os ultra-ortodoxos que chegaram a ser qualificados como "anti-semitas".
Achar solução para o conflito entre religiosos e não-religiosos é um dos principais desafios de Barak.
A maioria laica israelense acusa os ultra-ortodoxos de tentar praticar uma "khomeinização" (adotar leis religiosas para reger o país, como fez o aiatolá Khomeini com o islamismo no Irã) em busca de um Estado fundamentalista judeu.
Reclamam o direito de trabalhar e ter transporte público durante o shabat (sábado, dia do descanso dos judeus, quando não circulam ônibus) e criticam os jovens religiosos que não vão ao Exército.


Texto Anterior: Parte dos palestinos vê vitória com ceticismo
Próximo Texto: Comentário - Jaime Spitzcovski: "Bibi" concretizou o sonho de seus rivais
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.