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AVANÇO LAICO
Partidos religiosos devem deixar de ser o fiel da balança na formação do governo; coalizão se apoiará em grupos laicos
Votação abala poder de religiosos em Israel
MARCELO STAROBINAS
especial para a Folha
Os partidos que representam a
direita religiosa e os ultra-ortodoxos estão entre os derrotados nas
eleições de ontem em Israel. O premiê eleito, Ehud Barak, deve conseguir compor uma coalizão de governo confortável apenas com laicos do centro e da esquerda.
Nas duas últimas legislaturas, os
religiosos eram o fiel da balança.
Nenhum dos dois grandes partidos -Trabalhista (centro-esquerda) e Likud (direita)- conseguiam formar maioria para governar sem a sua participação.
Segundo as previsões de boca-de-urna, Ehud Barak poderia ter
uma coalizão com até mais de 70
das 120 cadeiras sem a participação de partidos religiosos.
Ela seria composta pela coligação trabalhista Um Israel (33 cadeiras, segundo previsões do canal
1 da TV israelense), partidos árabes (7), Meretz (esquerda, 10), Partido do Centro (5), Israel Baaliá
(dos imigrantes "russos", 6), Shinui (anti-religioso, 6) além de deputados de partidos pequenos.
Os religiosos devem aumentar
sua participação em um deputado,
totalizando 24. O Shas deve eleger
15 representantes, o Partido Nacional Religioso, 5, e o Judaísmo
Unido da Torá, 4.
O grande sucesso do Shinui (Mudança) -com previsão de 6 cadeiras, contra nenhuma na última legislatura- é a principal evidência
do cansaço de grande parte do eleitorado com o poder político dos
religiosos. O Shinui carregava slogans contra os ultra-ortodoxos
que chegaram a ser qualificados
como "anti-semitas".
Achar solução para o conflito entre religiosos e não-religiosos é um
dos principais desafios de Barak.
A maioria laica israelense acusa
os ultra-ortodoxos de tentar praticar uma "khomeinização" (adotar
leis religiosas para reger o país, como fez o aiatolá Khomeini com o
islamismo no Irã) em busca de um
Estado fundamentalista judeu.
Reclamam o direito de trabalhar
e ter transporte público durante o
shabat (sábado, dia do descanso
dos judeus, quando não circulam
ônibus) e criticam os jovens religiosos que não vão ao Exército.
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