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COMENTÁRIO
"Bibi" concretizou o sonho de seus rivais
JAIME SPITZCOVSKY
Editor de Mundo
""Bibi" Netanyahu conseguiu,
em três anos, realizar o que o
trabalhismo israelense não conseguiu em mais de três décadas.
O político que iniciou sua carreira com a aura de ""o mágico da
comunicação" deixa a seguinte
herança: despedaçou o Likud e
deixou-o com uma das menores
bancadas parlamentares de sua
história, apagou do ideário da
direita israelense o sonho do
""Grande Israel" e ainda permitiu um resultado que parece
cristalizar uma aliança dos setores laicos em Israel.
Foi um verdadeiro ""autonocaute". ""Bibi", montado em sua
arrogância, no mote ""dividir para reinar" e numa visão de curto
prazo, sai do cenário político
com a mesma velocidade com
que entrou: a de um meteorito.
Com seu personalismo, criou
atritos com os outros líderes do
Likud. Abandonaram o barco o
ex-chanceler David Levy, o ex-prefeito de Tel Aviv, Rony Milo,
o ex-ministro das Finanças, Dan
Meridor, e o ex-ministro da Defesa, Yitzhak Mordechai.
Netanyahu vendia a imagem
de ""duro nas negociações" e de
""desconfiado dos árabes". Mas
foi ele quem aceitou, embora
sob a pressão de Washington, o
acordo de Wye Plantation em
98, um passo das negociações de
paz que significa abrir mão do
sonho do ""Grande Israel".
Nessa visão, o Estado judeu teria direito aos territórios ocupados. "Bibi" promoveu uma guinada histórica no ideário da direita ao aceitar autonomia palestina na Cisjordânia.
Netanyahu também esfarelou
a tradicional aliança entre religiosos e direitistas laicos. Estes
preferiram aproximar-se dos
trabalhistas à medida que ""Bibi"
fazia mais concessões aos judeus
ortodoxos, cerca de 15% da população israelense.
Menachem Begin, o líder histórico do Likud e arquiteto da
paz com o Egito, morreu em 92,
muito deprimido. Talvez ele já
antevisse que um ""mágico" iria
destruir parte de sua herança.
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