São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 2000


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Fundo beneficiará também brasileiros

DA REDAÇÃO

Alguns milhares de pessoas no Brasil deverão ter direito a parte do fundo de indenização alemão para trabalhadores escravos nas empresas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. A avaliação é de Ben Abraham, vice-presidente da Associação Mundial dos Sobreviventes do Nazismo.
"Não resta dúvida de que no Brasil há milhares de pessoas que viviam nos países subjugados pela Alemanha durante a guerra e que foram levadas para lá para trabalhar como escravas nas empresas", disse Abraham.
Ele estima em 800 o número de judeus no Brasil que foram escravos nos campos de concentração durante a guerra.
A maioria dos beneficiários do acordo assinado ontem, porém, é formada por não-judeus, de países como França, Holanda, Bélgica, Itália e países do Leste Europeu, principalmente Polônia, Ucrânia e Romênia.
Abraham diz não saber ainda como ou quando essas pessoas receberão sua parte do fundo de indenização. "Precisamos aguardar as instruções mais detalhadas sobre o assunto para convocar as pessoas a preencher as requisições para serem enviadas à Alemanha", disse.

"Vitória moral"
Para o rabino Henry I. Sobel, presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista, o fundo de indenizações anunciado ontem é "uma vitória moral para os trabalhadores escravos durante o regime nazista".
Para ele, nenhuma soma em dinheiro é suficiente para compensar o sofrimento das vítimas do nazismo. "Nenhuma compensação paga a tragédia do nazismo. Muito mais importante que resgatar bens é resgatar a memória", disse o rabino.
"Essa indenização é um ato de justiça a todas as vítimas da barbárie nazista, tanto judeus como não-judeus, que merecem compensação moral. Antes tarde do que nunca", afirmou.
Para ele, porém, o acordo de ontem não encerra o assunto. "Ainda temos um longo caminho a percorrer para encerrar o capítulo das restituições", disse.


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