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Iraque diz ter "eliminado todas as razões" para ataque americano
DA REDAÇÃO
O Iraque afirmou ontem que havia eliminado todas as razões dos EUA para declarar guerra ao país ao concordar em readmitir inspetores de armas da ONU.
Segundo o Iraque, a decisão de permitir que inspetores da ONU
retomassem sua busca por armas de destruição em massa, que havia sido suspensa em 1998, deveria interromper quaisquer planos dos EUA de atacar o país.
"Todas as razões para um ataque foram eliminadas", disse o vice-premiê do Iraque, Tareq Aziz.
Para a oposição e os iraquianos nas ruas de Bagdá, contudo, a oferta do governo não pareceu ter sido recebida como uma garantia de que o país não será atacado.
O general Tawfik al Yassiri, líder
da oposição a Saddam Hussein,
disse que o ditador iraquiano está
"ganhando tempo" e que os EUA
estão deixando que isso aconteça.
Segundo ele, os EUA não conseguirão depor Saddam a menos
que uma eventual resolução do
Conselho de Segurança requerendo o desarmamento do Iraque
também inclua exigências de que
Bagdá permita a entrada de monitores de direitos humanos, investigue crimes de guerra e se comprometa a realizar eleições livres.
"É a democracia que significaria
o fim de Saddam", disse o general.
"O Iraque é um país grande, e não
será fácil achar armas químicas e
biológicas, pelas quais Saddam é
obcecado. Ele nunca vai deixar
que elas sejam todas confiscadas."
Não há sinal de uma guerra iminente na capital iraquiana. A cidade parece até ter se tornado mais
movimentada recentemente. As
lojas estão cheias, há um engarrafamento constante no centro de
Bagdá e restaurantes da moda
permanecem lotados de clientes.
Há poucos sinais de medidas adicionais de segurança, muito menos de atividades militares.
Ainda assim, poucos iraquianos
pareciam acreditar ontem que a
nova oferta do Iraque significaria
uma paz duradoura no país.
"É uma atitude corajosa e sábia", disse Mudhafar al Adhami,
um professor universitário de
Bagdá. "Contudo não acho que os
EUA venham a parar de ameaçar
o Iraque porque seu objetivo real
é derrubar o governo e instalar
um regime de marionetes."
Amira Mohsin, professora primária, disse, enquanto comprava
roupas para sua filha de dois anos:
"Estamos tentando levar uma vida normal. Não se pode passar o
tempo todo com medo ou se
enlouquece. Mas sabemos que o
que oferecemos não vai manter os
americanos longe daqui. Eles vão
pensar em outro pretexto para
nos bombardear".
Um colega de trabalho de Mohsin que a acompanhava, Shakeen
Firoz, acrescentou: "Fomos condicionados a pensar duas coisas:
que as sanções [da ONU" jamais
serão suspensas e que, mais cedo
ou mais tarde, seremos atacados".
Com "The Independent" e agências internacionais
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