São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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AMÉRICA LATINA

Reação policial a protesto de partidários de Oviedo fere ao menos cem

Paraguai reprime ato de oviedistas

Jorge Romero/France Presse
Policiais reprimem manifestação de opositores do governo paraguaio no centro de Assunção


LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A polícia paraguaia reprimiu ontem manifestantes partidários do ex-general Lino Oviedo, em ação com saldo de pelo menos cem feridos e 250 detidos, no centro de Assunção.
Os manifestantes se concentravam acampados junto às entradas do Congresso. Os policiais, cerca de 2.500, usaram gás lacrimogêneo e jatos d'água para dissolver o protesto, que exigi a renúncia do presidente Luis González Macchi.
A organização do protesto diz que havia 13 mil pessoas no ato, com várias manifestações de apoio a Oviedo -que está exilado no Brasil desde 1999, quando foi acusado de mandar matar o vice-presidente Luis María Argaña. O governo fala em 5.000.
Líderes da Frente Patriótica Nacional (FPN), integrada por oviedistas e alguns outros opositores de Macchi, foram levados ao quartel central da polícia.
A alegação do governo para a repressão é que o Estado paraguaio estava sendo colocado em risco. Os protestos vêm ocorrendo desde o último sábado.
Proibido pelo governo brasileiro de fazer política, Oviedo usa emissários no Paraguai para organizar manifestações, dando mostras de liderança e abrindo caminho para ser candidato presidencial em 2003.
A FPN, teoricamente, é uma junção de partidos. Sua inspiração, porém, é oviedista. Por seu intermédio, Oviedo tenta contornar a proibição imposta pelo governo brasileiro em julho e prepara seu retorno ao país.
Os manifestantes definem o governo como ""ilegítimo, inepto e corrupto". Anteontem à noite, o grupo se juntou à CNT (Central Nacional de Trabalhadores) em marcha por Assunção.
Oviedo já foi flagrado, em uma fita, pedindo a seus correligionários que ""arranquem o país desses monstros". Ele mantém contatos telefônicos frequentes com seus aliados no Paraguai, mas evita uma exposição que coloque em risco o exílio. Sua preocupação não se resume a adversários. Parte dos que se dizem oviedistas tenta, sob o nome do ex-general, preparar alguma outra candidatura, o que é desautorizado por Oviedo.

Dissidentes
Um dos pré-candidatos, José Appleyard, se diz integrante da Unace (União Nacional de Cidadãos Éticos), grupo de dissidentes oviedistas dentro e fora do Partido Colorado -em tese, na situação. Oviedo o desautorizou.
Applayard se diz o representante de Oviedo e da ""causa oviedista" dentro do Partido Colorado. "Fora do partido, o representante do general Oviedo é apenas o próprio general", diz.
Outro participante das prévias no Partido Colorado que tenta se aliar à imagem de Oviedo é Enrique Figueredo, que promete anistiá-lo. A proposta de uma anistia que inclua Oviedo e o ex-ditador Alfredo Stroessner se tornou moeda corrente no Partido Colorado. Seriam a ""anistia ampla" e o "ponto final".
Destoando desses projetos de anistia, o pré-candidato presidencial que representa Macchi entre os colorados, Nicanor Duarte Frutos, diz que não dará anistia "para quem violou a lei" ", referindo-se a Oviedo. O ex-general foi condenado a dez anos de cadeia por tramar golpe de Estado.


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