São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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Industrialização motiva "sumiço", diz demógrafo

DE BUENOS AIRES

A desaparição de povoados é um fenômeno normal, conseqüência do desenvolvimento industrial, que pode ser reforçado em momentos de crise econômica, segundo o demógrafo da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe), Miguel Villa.
"Não me surpreende que o número de povoados que correm risco de desaparecer tenha aumentado na Argentina. Mudanças na atividade econômica sempre geram alterações nos assentamentos populacionais", disse o demógrafo.
Segundo Villa, nas décadas de 70 e 80 vários povoados desaparecem no Estado do Paraná, no Brasil, em conseqüência da agricultura semi-industrial, principalmente depois do início das plantações de soja. "O Estado passou a ter migração liqüida negativa. Foi quando apareceram os bóias-frias", disse.
A mesma coisa aconteceu no norte do Chile. Segundo Villa, na década de 30 surgiram várias cidades-fantasmas naquela região por causa da substituição do salitre natural pelo salitre sintético.
Não há uma única explicação para o esvaziamento das cidades na Argentina. "A privatização dos trens não deve ser a única razão, mas certamente contribuiu", disse. Segundo ele, seria necessário estudar cada região do país e suas atividades. Para o especialista, há um problema estrutural que está relacionado ao tipo de desenvolvimento da América Latina, baseado em altas taxas de desocupação.
"Não há muitas chances de sobrevivência nesses lugares. A alternativa para as pessoas é mudar para lugares menos isolados." (CD)


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