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Presidente uruguaio se divide entre mandato e consultório em hospital
LARRY ROHTER
DO "NEW YORK TIMES", EM MONTEVIDÉU
Como outros chefes de Estado em todo o mundo, Tabaré
Vazquez passa a maior parte
de seus dias de trabalho em
reuniões no gabinete presidencial, lendo relatórios ou fazendo discursos. Mas em uma
manhã por semana, em um luxo que talvez só seja possível
ao presidente de um país de 3,3
milhões de habitantes, ele retoma a sua carreira inicial e se
dirige a uma clínica para praticar a medicina.
Todas as terças-feiras, das
9h às 12h, o doutor Vazquez,
66, oncologista especializado
em câncer de mama, pode ser
encontrado no Centro de
Diagnósticos Mamários, na capital uruguaia, onde mais de
23 mil pacientes são atendidas. Seu envolvimento com a
clínica começou há 36 anos, e
ele não pretende abandonar
esse trabalho apenas porque
outros deveres agora disputam
lugar em sua agenda.
"Praticar a medicina não é
só minha vocação. Também
me oferece uma oportunidade
de continuar em contato direto com o povo, conversar com
as pessoas e ouvir sobre suas
necessidades", declarou o presidente Vazquez em entrevista. "As pacientes raramente
mencionam questões políticas
durante as consultas. Mas me
sentiria vazio e isolado se não
pudesse praticar minha profissão e tivesse de abrir mão desse tipo de contato."
Eleito em 2004 para um
mandato de cinco anos, com
51% dos votos, depois de fracassar em duas tentativas anteriores de conquistar a presidência, Vazquez é o primeiro
presidente de esquerda do
Uruguai.
Membro do Partido Socialista, ele comanda uma coalizão indisciplinada e abalada
por freqüentes disputas, conhecida como Frente Ampla,
que inclui facções que variam
do Partido Comunista e de antigos guerrilheiros tupamaros,
na extrema esquerda, a sociais
democratas à maneira européia, bem perto do centro.
Quando ele assumiu, a principal questão parecia ser "Vazquez será Lula ou Chávez?", ou
seja, ele adotaria abordagem
moderada ou radical? A resposta já se tornou clara. Vazquez rejeitou o comportamento provocante e belicoso do
presidente venezuelano em favor de medidas favoráveis ao
livre mercado, mas até agora
sem os casos de corrupção que
macularam a reputação do
presidente brasileiro.
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