São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

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Compras são privilégio de 10% dos chineses

População com renda anual de US$ 6.000 está em torno de 150 milhões

Segundo consultoria de Pequim, competição no país é feroz e margem de lucro, ainda pequena; segredo é vender muito a preço baixo

DA ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

O universo das compras ainda é habitado por uma pequena parcela do 1,3 bilhão de chineses, 57% dos quais vivem na empobrecida zona rural.
As estimativas do número de pessoas com renda suficiente para gastar em bens de consumo varia de 100 milhões a 250 milhões, dependendo da fonte. É um patamar baixo em relação à população total, mas expressivo em termos absolutos.
Arthur Kroeber, diretor da consultoria Dragonomics, com sede em Pequim, acredita que existem cerca de 45 milhões de famílias no país com renda disponível (depois do pagamento de impostos) de US$ 6.000 anuais, comparados a US$ 45 mil nos EUA.
O gasto desse universo de quase 150 milhões de pessoas ronda os US$ 250 bilhões por ano, o equivalente a cerca de 5% do mercado consumidor norte-americano.
Dentro de dez anos, esse grupo deverá incluir 300 milhões de pessoas, com renda disponível de US$ 10 mil ao ano, prevê Kroeber, o que representará entre 18% e 20% do mercado de consumo dos Estados Unidos, o maior do mundo.
O crescimento econômico e o aumento da renda mudaram de maneira radical a vida das famílias chinesas. Há uma década, o país tinha apenas 10 milhões de celulares. Hoje, são 500 milhões, mais que qualquer outro país. O número de internautas já está em 160 milhões e é superado apenas pelo dos Estados Unidos.
As cidades que eram dominadas por bicicletas 20 anos atrás hoje vivem uma explosão no número de carros em suas ruas, o que levou a China ao posto de segundo maior mercado automobilístico do mundo, à frente do Japão.
A venda de veículos decolou depois de 2001, quando o país entrou na Organização Mundial do Comércio, e cresce a uma velocidade próxima de 25% ao ano desde 2004. Em agosto, o índice de expansão foi de 42%, segundo o escritório nacional de estatísticas.
A cidade de Pequim já tem 3 milhões de carros, comparados a 80 mil em 1978, ano em que o Partido Comunista aprovou a política de reforma econômica e abertura ao exterior proposta por Deng Xiaoping.
Mas o mercado consumidor com características chinesas não é fácil de ser conquistado. Kroeber afirma que a competição é feroz e a margem de lucro das empresas, pequena. Para serem viáveis, elas precisam vender enormes quantidades a preços baixos.
As lojas das grandes grifes internacionais estão nos shoppings, mas permanecem vazias. Segundo o consultor, estar na China é uma forma barata de publicidade, mas não significa vendas. Quando quer comprar marcas como Louis Vuitton ou Armani, a maioria dos chineses prefere as lojas de Hong Kong, onde os impostos sobre esse tipo de produto são bem mais baixos do que na China continental, diz Kroeber.
O aumento do turismo é outra face do crescente poder de compra chinês. No ano passado, 34,5 milhões de pessoas, alta de 11,3% em relação a 2005. A Organização Mundial de Turismo estima que em uma década os chineses serão o segundo maior grupo de turistas do mundo, atrás apenas dos norte-americanos. (CLÁUDIA TREVISAN)


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