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Governo americano vive clima de euforia
BOM HUMOR
Em uma semana, Washington passa da melancolia ao otimismo diante das vitórias no Afeganistão
R.W. APPLE JR.
DO "THE NEW YORK TIMES"
Que diferença uma semana faz.
Na semana passada, Washington
pertencia aos céticos e aos cheios
de dúvidas. Porta-vozes na Casa
Branca foram bombardeados
com perguntas sobre a campanha
contra o terrorismo. A estratégia
no Afeganistão jamais funcionaria, diziam as pessoas. Confiava
muito nos bombardeios pesados,
afirmavam. Seria necessário usar
tropas terrestres, diziam.
Nenhum dos profetas pessimistas teria mesmo concebido a sugestão de que forças amigáveis
aos Estados Unidos controlariam
todas as principais cidades do
Afeganistão antes do Natal.
Então, de repente, a supostamente fraca Aliança do Norte atacou o norte de Cabul, controlado
pelo Taleban, e continuou avançando. Cabul caiu na terça-feira,
Jalalabad, na quarta-feira, e as forças anti-Taleban estavam movendo-se na direção de Candahar.
E, enquanto as tropas do Taleban se retiravam, o mesmo fazia o
dúbio, senão inequívoco, clima
melancólico em Washington, para ser substituído por uma suspeita eufórica de que as coisas haviam mudado para melhor.
O vice-presidente dos EUA,
Dick Cheney, afirmou que a campanha militar havia sido "enormemente bem-sucedida e o Taleban estava em péssima forma".
O primeiro-ministro britânico,
Tony Blair, principal aliado de
Bush na campanha contra o terrorismo, disse que, com seu apoio
"evaporando", o Taleban estava
perto de um colapso.
Militares de alto escalão no Pentágono e os planejadores na Casa
Branca fizeram o melhor para
manter o otimismo sob controle.
John Stufflebeem, conduzindo
o relatório militar, advertiu que
"pode ser uma presunção perigosa acreditar que está sendo observado um colapso e, consequentemente, o desmantelamento do
Taleban até o ponto em que ficarão ineficientes".
Claramente, como na Guerra do
Golfo (1991), o poder aéreo provou ser mais potente do que os
seus críticos esperavam.
"A Aliança do Norte não chegou a lugar nenhum sem apoio
aéreo", afirmou um senador democrata que pediu para não ser
identificado. "Não achava que
fosse chegar a algum lugar com
ele, mas eu estava errado."
Acontecimentos no solo ultrapassaram a capacidade dos políticos de planejar um novo governo
em Cabul. Nem os britânicos nem
os russos "jamais descobriram
uma maneira de governar o local", comentou um advogado.
Poucas pessoas em Washington
se sentem seguras sobre o que
precisamente aconteceu. O Taleban sofreu grandes perdas de homens e equipamentos que tornaram impossível a defesa das cidades? Eles foram desmoralizados?
Ou eles acharam melhor desistir
das cidades e ficar nas cavernas e
montanhas onde a tecnologia é
menos eficaz?
E crucialmente: onde está Osama bin Laden? Seu protetor, o
mulá Mohamad Omar, ainda está
livre, lançando ameaças contra os
EUA, e assim estão muitos da rede Al Qaeda, no Afeganistão e em
outros lugares.
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