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ONU suspeita que rebelde agite protestos
Guy Philippe, que ajudou a derrubar o ex-presidente Jean Bertrand Aristide, estaria envolvido em atos violentos
Comandante brasileiro diz que urnas e cédulas já foram distribuídas;
ONU está pronta para eleições gerais do dia 28
Ramon Espinosa/Associated Press
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Haitiano carrega mulher com sintomas de cólera por rua de Porto Príncipe em meio a cartazes da campanha eleitoral
LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO
A ONU tem fortes indícios
de que Guy Philippe, ex-chefe da milícia que em 2004 tomou o norte do Haiti e pressionou na queda do presidente Jean Bertrand Aristide,
está envolvido na onda de
protestos desta semana.
Sem um mandado da Justiça, no entanto, os militares
têm que se limitar a monitorar os seus movimentos.
Apesar da intensidade dos
protestos, a Folha apurou
que a ONU não acredita que o
ex-rebelde tenha força política e armamentos para provocar nova rebelião no país -os
violentos atos dos últimos
dias ocorrem na mesma região de seis anos atrás.
Philippe liderou em 2004 o
movimento político Grupo
184. Aliado a ex-militares,
iniciou uma rebelião, tomou
o norte do país e marchou para a capital -mas Aristide já
havia deixado o poder.
Após perder as eleições em
2006, Philippe continuou na
politica. Mas, segundo um
oficial da UNpol, a Polícia da
ONU, que pediu para não ser
identificado, ele está sendo
investigado por formar uma
nova milícia e dominar o tráfico de drogas em Hinche
(130 km de Porto Príncipe).
Ontem, rádios haitianas
informaram que manifestantes em Cap Haitien (300 km
da capital) conclamavam
Philippe a liderar a expulsão
da ONU do país.
Foi lá que estourou, na última segunda-feira, uma onda de protestos que deixou
dois manifestantes mortos e
seis capacetes azuis feridos.
Os manifestantes alegam
que foi a ONU quem iniciou a
epidemia de cólera.
"Isso foi planejado com alguma antecedência para
ocorrer neste momento por
pessoas interessadas em que
as eleições [do próximo dia
28] não ocorram", disse o general brasileiro Luiz Paul
Cruz, comandante militar da
ONU no Haiti. Ele não comentou sobre Philippe.
O governo haitiano enviou
senadores para a região, anteontem, para negociar. Eles
pediram que a ONU não reprima novos protestos.
"Elas [manifestações] têm
fundo político e estão sendo
tratadas nessa esfera.Estamos esperando que o clima
se acalme", disse Cruz.
Ontem, uma patrulha da
ONU foi atacada em Cap Haitien. Uma pessoa morreu em
circunstâncias ainda não esclarecidas.
Paul Cruz afirmou que
nem a cólera, nem os protestos vão prejudicar as eleições. "Nós já temos o material eleitoral praticamente todo distribuído, estamos com
a programação em dia".
CÓLERA
A epidemia de cólera que
já matou 1.110 pessoas e infectou outras 18.382 no Haiti
chegou aos Estados Unidos.
O primeiro caso, confirmado ontem, é de uma mulher
que mora na Flórida e esteve
no Haiti recentemente para
visitar familiares. Mais casos
estão sendo investigados.
Ontem, o presidente da
República Dominicana, Leonel Fernández, afirmou que
reforçará o controle na fronteira com o Haiti, depois que
seu país registrou o primeiro
caso da doença.
Segundo a Organização
Panamericana da Saúde, o
número de mortos deve chegar a 10 mil em 12 meses.
O embaixador sueco no
Haiti, Claes Hammar, disse a
um jornal que a cólera foi trazida do Nepal acidentalmente por militares da ONU. As
Nações Unidas negam.
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