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GUERRA NO CÁUCASO
Países-membros do grupo pediram que Moscou negocie imediato cessar-fogo na Tchetchênia
G-8 ameaça excluir Rússia do grupo
CLÓVIS ROSSI
enviado especial a Berlim
O G-7, o clube dos sete países
mais ricos do mundo, insinuou
ontem que a Rússia poderia ser
excluída do grupo, no qual ingressou há apenas dois anos, o
que o levou a ser rebatizado para
G-8.
A ameaça, como é óbvio, deve-se aos bombardeios que a Rússia
está fazendo contra objetivos civis
e militares na Tchetchênia.
"Essa guerra é uma séria ameaça à parceria e cooperação entre a
Rússia e todos nós", disse o ministro alemão de Relações Exteriores, Joschka Fischer, em uma
entrevista coletiva após a reunião
de ministros do Exterior do G-8,
realizada ontem em Berlim.
A entrevista, aliás, foi uma evidência física do desacordo entre a
Rússia e os membros do G-7: embora todos devessem comparecer, só apareceram os ministros
da Alemanha, a anfitriã, e do Japão, que assume a presidência do
G-7 (ou G-8) no ano que vem.
Os ministros do G-7 exigiram
da Rússia um "imediato e duradouro cessar-fogo" na Tchetchênia, mas não anunciaram nenhum tipo de sanção se a exigência não for atendida.
Por isso mesmo, o ministro britânico de Relações Exteriores, Robin Cook, foi mais franco do que o
comunicado no qual se pede o
imediato cessar-fogo:
"Não posso fingir que saio daqui com alguma confiança em
que haverá um fim imediato da
luta na Tchetchênia", admitiu.
Já o ministro russo do Exterior,
Igor Ivanov, deixou Berlim como
chegara: acusando os países ocidentais de tentar intervir em assuntos internos da Rússia.
Ivanov já havia feito a queixa
em entrevista publicada ontem
pelo jornal "Frankfurter Allgemeine" e repetiu-a no encontro
com seus pares do G-7 e também
nos encontros bilaterais com Madeleine Albright, a secretária norte-americana de Estado, e com o
alemão Fischer.
A Rússia iniciou a ofensiva no
território (que é formalmente
russo e tem maioria muçulmana)
em setembro, com argumento de
combater guerrilhas islâmicas
acusadas de terrorismo.
O pedido de imediato cessar-fogo foi feito após os ministros terem ouvido exposição de Knut
Vollebaek, presidente da OSCE
(Organização para a Segurança e
Cooperação na Europa), principal instrumento para a segurança
da Europa Ocidental.
Vollebaek acaba de voltar de visita de inspeção à Tchetchênia,
que o fez chegar à conclusão, de
resto óbvia, de que ou há um imediato cessar-fogo ou "haverá um
banho de sangue, porque ocorrerá uma luta intensa". O presidente
da OSCE disse também que Grozni, a capital tchetchena, "não cairá
facilmente".
Antes do encontro dos ministros, o britânico Robin Cook desfiou uma lista de reivindicações à
Rússia que iam além do cessar-fogo. Incluíam também a retirada
dos civis de Grozni e o início de
um diálogo com vistas a uma solução não-militar do conflito.
Ivanov, o chanceler russo, descartou uma vez mais qualquer hipótese de um diálogo político.
"Não haverá solução política até
que o território tenha sido expurgado dos bandidos e terroristas
que, por muito tempo, cevaram o
desrespeito à lei e a anarquia",
disparou Ivanov mal chegou a
Berlim.
O irônico é que o objetivo original da reunião do G-8, ao ser convocada, era o de discutir como
prevenir conflitos. Em meio a um
deles, os ministros se limitaram à
retórica para tentar encerrá-lo ou,
ao menos, suspendê-lo.
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