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JUSTIÇA
Moscou pede liberação de Borodin, acusado de corrupção
EUA prendem ex-assessor de Ieltsin em Nova York a pedido da Suíça
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
A polícia de Nova York, atendendo a um mandado de prisão
internacional pedido por autoridades suíças, prendeu anteontem
o ex-alto funcionário do Kremlin
Pavel Borodin, investigado por lavagem de dinheiro e corrupção. A
Suíça pediu a extradição do russo,
mas Moscou exigiu sua liberação
imediata. Os EUA afirmaram que
apenas cumpriram uma obrigação legal.
Borodin foi um dos homens de
confiança do ex-presidente Boris
Ieltsin, responsável pelas finanças
do Kremlin. Acabou destituído de
suas funções pelo atual presidente
russo, Vladimir Putin. Ele foi aos
EUA para assistir à posse do presidente eleito do país, George W.
Bush, cerimônia para a qual foi
convidado oficialmente.
A Suíça emitiu um mandado de
prisão do russo em 10 de janeiro
de 2000, pela suspeita de participação na lavagem de US$ 25 milhões e de recebimento de propinas das empresas suíças de construção Mabetex e Mercata.
O escândalo das construtoras
explodiu em 1999 e quase derrubou Ieltsin. As empresas, que venceram os maiores contratos de
construção da Rússia nos anos 90,
foram acusadas de subornar funcionários do Kremlin como Borodin e familiares de Ieltsin para
conseguir contrato de US$ 90 milhões para reformar o palácio.
A Mabetex teria pago as faturas
dos cartões de crédito das filhas
do ex-presidente, Yelena e Tatyana, dos maridos delas e também
da ex-primeira-dama Naina. A
empresa foi acusada de ter aberto
contas para elas e para Borodin
no banco suíço Gothard Bank.
O chanceler russo, Igor Ivanov,
exigiu "a liberação imediata e incondicional de Borodin" e afirmou que a Rússia estava "tomando medidas na Suíça e nos Estados Unidos".
"Temos certas obrigações legais. Há a investigação suíça (sobre as suspeitas de lavagem de dinheiro). Temos deveres em termos de cooperação legal com os
outros países", afirmou Richard
Boucher, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. "Temos a obrigação de cumprir a lei
quando alguém aparece sem nenhuma imunidade ou status diplomático e tem um mandado
contra si."
Borodin exerce o cargo de secretário da união Rússia-Belarus,
função praticamente decorativa
que não lhe confere imunidade
diplomática.
O porta-voz do FBI (polícia federal dos EUA) afirmou que Borodin foi detido quando desembarcava de um avião no aeroporto John F. Kennedy, em Nova
York. Ele passou a noite num centro de detenção no Brooklyn.
Uma audiência num tribunal
federal no Brooklyn deveria ser
realizada ontem. O advogado do
russo em Genebra, contudo, afirmou que seu cliente não poderia
ser julgado na Suíça por lavagem
de dinheiro, pois os promotores
russos encerraram suas investigações no ano passado. Todos os
envolvidos negam as acusações.
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