São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 2001

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JUSTIÇA
Moscou pede liberação de Borodin, acusado de corrupção
EUA prendem ex-assessor de Ieltsin em Nova York a pedido da Suíça

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A polícia de Nova York, atendendo a um mandado de prisão internacional pedido por autoridades suíças, prendeu anteontem o ex-alto funcionário do Kremlin Pavel Borodin, investigado por lavagem de dinheiro e corrupção. A Suíça pediu a extradição do russo, mas Moscou exigiu sua liberação imediata. Os EUA afirmaram que apenas cumpriram uma obrigação legal.
Borodin foi um dos homens de confiança do ex-presidente Boris Ieltsin, responsável pelas finanças do Kremlin. Acabou destituído de suas funções pelo atual presidente russo, Vladimir Putin. Ele foi aos EUA para assistir à posse do presidente eleito do país, George W. Bush, cerimônia para a qual foi convidado oficialmente.
A Suíça emitiu um mandado de prisão do russo em 10 de janeiro de 2000, pela suspeita de participação na lavagem de US$ 25 milhões e de recebimento de propinas das empresas suíças de construção Mabetex e Mercata.
O escândalo das construtoras explodiu em 1999 e quase derrubou Ieltsin. As empresas, que venceram os maiores contratos de construção da Rússia nos anos 90, foram acusadas de subornar funcionários do Kremlin como Borodin e familiares de Ieltsin para conseguir contrato de US$ 90 milhões para reformar o palácio.
A Mabetex teria pago as faturas dos cartões de crédito das filhas do ex-presidente, Yelena e Tatyana, dos maridos delas e também da ex-primeira-dama Naina. A empresa foi acusada de ter aberto contas para elas e para Borodin no banco suíço Gothard Bank.
O chanceler russo, Igor Ivanov, exigiu "a liberação imediata e incondicional de Borodin" e afirmou que a Rússia estava "tomando medidas na Suíça e nos Estados Unidos".
"Temos certas obrigações legais. Há a investigação suíça (sobre as suspeitas de lavagem de dinheiro). Temos deveres em termos de cooperação legal com os outros países", afirmou Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. "Temos a obrigação de cumprir a lei quando alguém aparece sem nenhuma imunidade ou status diplomático e tem um mandado contra si."
Borodin exerce o cargo de secretário da união Rússia-Belarus, função praticamente decorativa que não lhe confere imunidade diplomática.
O porta-voz do FBI (polícia federal dos EUA) afirmou que Borodin foi detido quando desembarcava de um avião no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York. Ele passou a noite num centro de detenção no Brooklyn.
Uma audiência num tribunal federal no Brooklyn deveria ser realizada ontem. O advogado do russo em Genebra, contudo, afirmou que seu cliente não poderia ser julgado na Suíça por lavagem de dinheiro, pois os promotores russos encerraram suas investigações no ano passado. Todos os envolvidos negam as acusações.



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