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ELEIÇÃO
Resultado põe fim a 50 anos de Kuomintang
Independentista vence em Taiwan
das agências internacionais
O candidato pró-independência Chen Shui-bian foi o vencedor
das eleições presidenciais de ontem em Taiwan, pondo fim a
meio século de controle político
da ilha pelo Kuomintang (Partido
Nacionalista) e abrindo um período provavelmente agudo de tensões com a China continental.
O governo chinês reagiu ao resultado eleitoral com uma nota
em que afirma que "a independência de Taiwan seria absolutamente intolerável em qualquer
circunstância".
Horas antes, o presidente eleito
havia adotado um tom conciliador com o regime vizinho. Propôs
um "tratado de paz", disse estar
disposto a visitar Pequim antes de
sua posse, em 20 de maio, o que
nunca foi feito por seus predecessores, e convidou o presidente
Jiang Zemin a visitar Taiwan.
Chen, do Partido Democrático
Progressista, obteve 39,3% dos
votos, contra 36,8% para James
Soong, candidato independente, e
23,1% para o nacionalista Lien
Chan, atual vice-presidente do
país. Soong anunciou ontem a intenção de criar um novo partido.
Chen não caracterizou sua vitória como o aval político para pôr
fim ao atual status quo ("um país,
dois sistemas"), no qual está implicitamente embutida a idéia de
reunificação das duas Chinas.
Mas reiterou o que já dissera
durante sua campanha: que essa
fórmula é "inaceitável" e que o
exemplo de Hong Kong e Macau
não convém a Taiwan.
Declarou ser preciso abrir novos canais de diálogo com a China
continental, que permitam o comércio sem a triangulação por
portos intermediários e acordos
bilaterais de investimentos. Propôs também, sem fornecer detalhes, "medidas que estreitem a
confiança mútua na área militar".
Disse que a segurança no estreito
de Taiwan, que separa os dois territórios, é o objetivo comum.
"Nossa intenção é a reconciliação com boas intenções, cooperação ativa e paz duradoura", afirmou em entrevista coletiva.
Taiwan foi em 1949 o refúgio
dos nacionalistas liderados por
Chiang Kai-shek, quando os comunistas de Mao Tsé-tung tomaram o poder em Pequim.
O anúncio dos resultados provocou imediatas manifestações
de rua em Taipé entre os partidários de Chen, que levaram bem
mais em conta o desgaste do Kuomintang que as implicações externas do resultado das eleições.
Em Washington, o presidente
Bill Clinton disse que seu país
continuará a apoiar a política de
"uma única China", que rejeita
qualquer idéia de independência.
Elogiou também a "vitalidade da
democracia em Taiwan".
A primeira reação de Pequim,
ontem pela manhã (horário local)
consistiu em anunciar em lacônico informe de agência de notícias
que Chen liderava as votações "na
Província de Taiwan".
Mais tarde, na nota oficial, em
que o nome do presidente eleito
não é sequer citado, o governo
chinês afirma estar "atento aos
passos e ações" de Chen.
Diz que a China deseja dialogar
com todos os partidos de Taiwan
que aprovam o princípio de uma
China unificada.
O regime comunista ameaça
com frequência invadir Taiwan
caso a Província declare unilateralmente sua independência. O
governo chinês advertiu há alguns dias que, se os eleitores reagissem "impulsivamente", "não
teriam uma segunda chance".
O chefe do Estado-Maior de
Taiwan, Tang Yao-ming, declarou que as Forças Armadas seriam leais ao vencedor e continuariam a defender a ilha.
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