DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O candidato oposicionista Alejandro Toledo anunciou ontem que não participará do segundo turno das eleições presidenciais se for mantida a data de 28 de maio. O candidato pediu o adiamento do pleito para 18 de junho.
"Venho anunciar-lhes que o Peru Possível não participará das eleições em 28 de maio", disse, ao anunciar a decisão.
"Se em 18 de junho o mesmo andamento fraudulento persistir, o Peru Possível (frente que apóia Toledo) não vai participar de uma eleição que justifique ou legitime um processo que, em nossa opinião, é fraudulento."
Toledo apresentou formalmente à Justiça eleitoral peruana um pedido de adiamento da eleição. Mas os integrantes do tribunal já adiantaram que não aceitarão a exigência.
Segundo um porta-voz do partido de Toledo, a intenção é forçar o governo a mudar a data e as condições do processo. Horas antes, o presidente e também candidato Alberto Fujimori havia dito que a data era imutável.
O anúncio de Toledo foi feito após a missão de observação internacional da OEA (Organização dos Estados Americanos) dizer que, neste momento, não pode garantir a lisura da eleição se não houver o adiamento.
A organização havia pedido o adiamento da votação, denunciando uma série de irregularidades que poderiam comprometer os resultados (leia texto abaixo). Toledo havia ameaçado reiteradas vezes retirar a candidatura caso não houvesse melhoria nas condições da disputa.
"Neste momento, o país está sentado sobre uma bomba-relógio. O Peru entra em uma grave crise política", afirmou à Folha Luis Fernando Nunes, diretor da missão de observação do Centro Carter e do Instituto Nacional Democrático, com sede nos EUA.
De acordo com Nunes, ontem foi divulgada pesquisa de uma associação civil segundo a qual 60% dos entrevistados não confiam na transparência do processo eleitoral.
Toledo e Fujimori apareciam tecnicamente empatados nas últimas pesquisas eleitorais. A legislação proíbe a divulgação dos levantamentos nos 15 dias que antecedem a eleição.
Fujimori teve a maior parte dos votos na primeira etapa da eleição: 49,87%. Toledo ficou com 40,24%. Faltou pouco mais de 0,13% dos votos para a vitória do atual presidente em 9 de abril.
Antes da divulgação dos resultados finais, o governo norte-americano havia ameaçado rever a ajuda militar ao país se não houvesse segundo turno.
Logo após o anúncio da data do segundo turno, Toledo afirmou ser "prudente" o adiamento do pleito por uma ou duas semanas.
"Creio que seria prudente estender o prazo (até as eleições) em mais uma ou duas semanas."
Na última terça-feira, Toledo reafirmou, durante uma visita à Argentina, a possibilidade de se retirar da disputa.
"Não vamos a um segundo turno caso as condições não sejam modificadas", disse ele. "Se fizermos isso, estaremos confirmando uma farsa."


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