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IMIGRAÇÃO
Estado torna-se preferido dos ilegais com o aumento da segurança na fronteira com o Texas e com a Califórnia
Fazendeiros caçam mexicanos no Arizona
JAN McGIRK
DO "THE INDEPENDENT", NO MÉXICO
Os irmãos Barnett nunca perdem uma oportunidade de sair
para caçar no rancho de quase
9.000 hectares onde o mais velho
deles cria gado, situado em Sierra
Vista, ao longo da fronteira entre
o México e o Arizona. Há mais de
um ano o esporte dominical preferido deles e de dezenas de outros fazendeiros da região do árido condado de Cochise tem sido a
caça a imigrantes ilegais.
Com a ajuda de cães treinados,
os fazendeiros caçam e encurralam os apavorados mexicanos sob
a mira de armas e os entregam à
patrulha de fronteira norte-americana mais próxima.
"Gente para caçar não falta", diz
Donald Barnett, 54. Apenas durante o mês de março cerca de 72
mil mexicanos à procura de trabalho tentaram atravessar as terras áridas e planas que separam
Água Prieta, no México, de Douglas, no Arizona -mais que o triplo das estatísticas normais.
Pelo menos três mexicanos já
foram mortos nessas circunstâncias, o que levou o governo norte-americano a prometer combater
as caçadas (leia texto abaixo).
Fronteiras vigiadas
Desde que as fronteiras do Texas e da Califórnia ganharam vigilância mais eficiente, explica o
prefeito de Douglas, Ray Borane,
os imigrantes ilegais vêm invadindo o sudeste do Arizona em números recordes, usando rotas seculares abertas por bandidos, traficantes de armas e de bebidas.
"A coisa está saindo de controle.
Circulam folhetos por aí convidando turistas a vir caçar mexicanos por diversão. Lazer ao sol.
Traga seu jipe e venha ajudar um
fazendeiro americano. Os folhetos incluem até uma lista das coisas que o turista não deve deixar
de trazer: binóculos infravermelhos, cães, munição, filtro solar. É
uma afronta aos direitos humanos", afirma Borane.
O governo mexicano recentemente denunciou como "xenófobos" esses pelotões de "cidadãos
privados armados" e amadores
que operam ao longo dos 133 quilômetros da fronteira do condado
de Cochise. Foram convocadas
reuniões de urgência entre o embaixador mexicano, Jesus Reyes
Heroles, e o vice-secretário da Justiça dos EUA, Eric Holder.
Dos 25 confrontos documentados citados na reunião, pelo menos 14 tiveram o envolvimento
dos irmãos Barnett.
"Não me arrependo de nada",
reafirmou Donald Barnett. "A fazenda do meu irmão fica parecendo um lixão depois da passagem
desses ilegais. Eles deixam toneladas de lixo por onde passam
-fraldas sujas e o conteúdo das
fraldas. Seria preciso ter cem caminhões, e mesmo assim não daria para levar tudo embora. As
pessoas nos param na rua para
perguntar o que se pode fazer."
"O governo Clinton defende as
fronteiras de Kosovo, da Bósnia
-todas menos a nossa. Eu me
considero um patriota. Está acontecendo uma invasão mexicana
em câmara lenta, e é preciso fazer
alguma coisa para acabar com ela.
Precisamos de tropas lá fora."
Tradução de Clara Allain
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