São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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Sauditas dizem ter impedido ataque a base dos EUA

ANDREW BUNCOMBE
DO "THE INDEPENDENT"

A Arábia Saudita anunciou ontem que prendeu sete suspeitos de integrar a Al Qaeda e que frustraram planos da rede terrorista de lançar uma série de ataques a alvos em seu território -um dos quais seria uma base aérea operada pelos Estados Unidos.
O Ministério do Interior disse que os suspeitos -seis sauditas e um sudanês entregue recentemente pelo Sudão após supostamente ter admitido planejar um ataque à base aérea Príncipe Sultan- estão sendo interrogados. As autoridades dizem que os suspeitos planejavam "atentados contra instalações vitais, usando explosivos e mísseis terra-ar".
Embora o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, e a maioria dos sequestradores dos aviões usados nos atentados de 11 de setembro fossem cidadãos sauditas, as prisões anunciadas ontem são as primeiras de supostos integrantes da rede na Arábia Saudita desde os ataques. Autoridades sauditas disseram ter prendido anteriormente outro grupo de cinco sauditas e um iraquiano que teriam dado abrigo ao sudanês após o ataque à base aérea.
As prisões -13 ao todo- vieram em meio a queixas de Washington de que a Arábia Saudita não estaria fazendo o suficiente para combater o terrorismo.
A tentativa de ataque à base americana foi revelada pelo Comando Central dos EUA, que anunciou a descoberta, no início de maio, nas proximidades da base aérea (situada no deserto saudita), de um lançador queimado de um míssil antiaéreo de fabricação soviética. A descoberta levou o FBI (polícia federal) a lançar um alerta de que terroristas poderiam tentar derrubar aviões comerciais usando mísseis portáteis.
Também foi revelado ontem que os esforços para rastrear o dinheiro usado pela Al Qaeda estão enfrentando sérias dificuldades, pois a maior parte do dinheiro da organização está sendo guardado em commodities difíceis de rastrear, como ouro e diamantes. Investigadores disseram que, apesar dos esforços internacionais para rastrear o fluxo de dinheiro da Al Qaeda, boa parte de sua rede financeira continua intacta.
Nos primeiros cinco meses após os ataques de 11 de setembro, organizações internacionais já tinham conseguido congelar cerca de US$ 100 milhões em ativos pertencentes a 210 grupos que, segundo a administração Bush, teriam vínculos com a Al Qaeda.
Desde então, porém, o total só foi acrescido de outros US$ 10 milhões. Países como a Arábia Saudita e a Suécia acusam os EUA de arrogância. Os americanos lhes teriam pedido que congelassem ativos, mas não teriam se disposto a compartilhar as provas contra os grupos citados.
"Francamente, a presteza com a qual alguns países aderiram à lista vem diminuindo um pouco", disse o vice-secretário do Tesouro americano, Kenneth Dam.
Estima-se que a Al Qaeda gastava até US$ 100 milhões por ano financiando operações em regiões como a Tchetchênia e o Afeganistão. Consta que, embora tenha sido pedido a todos os 189 países da ONU que preparassem relatórios detalhando seu cumprimento ou não da resolução do Conselho de Segurança sobre os ativos dos terroristas, só 43 o fizeram.

Afeganistão
Dois mísseis explodiram perto da Embaixada dos EUA em Cabul, um conjunto de prédios no centro da cidade. Ambos acertaram casas próximas, sem deixar feridos. Segundo as forças de paz em Cabul, os mísseis foram lançados das cercanias da capital afegã.
Na Síria, o governo estaria mantendo preso Mohammed Zammar, 41, cidadão alemão suspeito de estar ligado aos ataques aos EUA. A informação foi divulgada pela rede de TV alemã ZDF.
Zammar estaria preso há meses, acusado de planejar um atentado contra a Síria. Washington crê que ele recrutou alguns dos terroristas que participaram dos atentados de 11 de setembro.


Tradução de Clara Allain

Com agências internacionais


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