São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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EXCLUSÃO

Miséria deve crescer 30% nos países menos desenvolvidos até 2015

Pobres vão ficar mais pobres, diz ONU

DA REUTERS

A ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou ontem que a miséria deve piorar nos países mais pobres do mundo se o crescimento econômico não se tornar sua maior prioridade e os Estados ricos não aumentarem dramaticamente o auxílio a eles.
Longe de cumprir o objetivo determinado pela comunidade internacional de cortar a miséria pela metade até 2015, afirmou a Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), o número de pessoas vivendo com menos de US$ 1 por dia nos 49 países mais pobres do mundo deve aumentar em 30% até a data, atingindo cerca de 420 milhões, se as tendências atuais se mantiverem.
"Não importa quais estimativas usamos, os países menos desenvolvidos, os chamados LCDs, não cumprirão a meta", afirma um documento da Unctad.
Mas a situação, segundo o "Relatório sobre os Países Menos Desenvolvidos 2002", pode ser dramaticamente melhorada nesses países, a maioria dos quais africanos, se políticos nacionais e a comunidade internacional adotarem um objetivo único e simples: o crescimento econômico.
"Se, por um lado, as conclusões [do relatório" são extremamente preocupantes, por outro é possível reduzir drasticamente o nível de pobreza extrema se dermos prioridade ao crescimento econômico", disse o secretário-geral da Unctad, Rubens Ricupero.
Segundo ele, o relatório demonstra que dobrar a renda familiar média por meio do crescimento econômico nos Estados mais pobres do mundo pode ter um impacto decisivo na miséria, diminuindo a porcentagem de pessoas vivendo com menos de US$ 1 por dia de 65% para 20%.
"Infelizmente, as políticas atuais não dão a devida ênfase a essa correlação", afirmou Ricupero.
Apesar de agências como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial terem se afastado dos rígidos programas de ajuste estrutural dos anos 80 e início dos 90, diz o relatório, elas ainda impõem demasiadas condições para fornecer auxílio.
Segundo a Unctad, não importa quais políticas internas forem adotadas, elas não darão em nada sem mais auxílio e um esforço mais determinado por parte da comunidade internacional para assegurar que os LDCs também se beneficiem da globalização.
Apesar de o auxílio internacional ter subido no fim dos anos 90, depois de cair vertiginosamente na primeira metade da década, ainda corresponde a menos da metade do nível per capita de 1990, afirmou a organização.
Segundo a Unctad, quem sugere que o aumento do nível de comércio poderia, sozinho, tirar os LDCs da pobreza ignora o fato de que o comércio já representa 43% da atividade econômica desses países, porcentagem semelhante às dos países desenvolvidos.



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