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EXCLUSÃO
Miséria deve crescer 30% nos países menos desenvolvidos até 2015
Pobres vão ficar mais pobres, diz ONU
DA REUTERS
A ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou ontem que a miséria deve piorar nos países mais pobres do mundo se o crescimento econômico não se tornar
sua maior prioridade e os Estados ricos não aumentarem dramaticamente o auxílio a eles.
Longe de cumprir o objetivo determinado pela comunidade internacional de cortar a miséria pela metade até 2015, afirmou a Unctad (Conferência das Nações
Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), o número de
pessoas vivendo com menos de
US$ 1 por dia nos 49 países mais
pobres do mundo deve aumentar
em 30% até a data, atingindo cerca de 420 milhões, se as tendências atuais se mantiverem.
"Não importa quais estimativas
usamos, os países menos desenvolvidos, os chamados LCDs, não
cumprirão a meta", afirma um
documento da Unctad.
Mas a situação, segundo o "Relatório sobre os Países Menos Desenvolvidos 2002", pode ser dramaticamente melhorada nesses
países, a maioria dos quais africanos, se políticos nacionais e a comunidade internacional adotarem um objetivo único e simples:
o crescimento econômico.
"Se, por um lado, as conclusões
[do relatório" são extremamente
preocupantes, por outro é possível reduzir drasticamente o nível
de pobreza extrema se dermos
prioridade ao crescimento econômico", disse o secretário-geral da
Unctad, Rubens Ricupero.
Segundo ele, o relatório demonstra que dobrar a renda familiar média por meio do crescimento econômico nos Estados
mais pobres do mundo pode ter
um impacto decisivo na miséria,
diminuindo a porcentagem de
pessoas vivendo com menos de
US$ 1 por dia de 65% para 20%.
"Infelizmente, as políticas atuais
não dão a devida ênfase a essa
correlação", afirmou Ricupero.
Apesar de agências como o FMI
(Fundo Monetário Internacional)
e o Banco Mundial terem se afastado dos rígidos programas de
ajuste estrutural dos anos 80 e início dos 90, diz o relatório, elas ainda impõem demasiadas condições para fornecer auxílio.
Segundo a Unctad, não importa
quais políticas internas forem
adotadas, elas não darão em nada
sem mais auxílio e um esforço
mais determinado por parte da
comunidade internacional para
assegurar que os LDCs também se
beneficiem da globalização.
Apesar de o auxílio internacional ter subido no fim dos anos 90,
depois de cair vertiginosamente
na primeira metade da década,
ainda corresponde a menos da
metade do nível per capita de
1990, afirmou a organização.
Segundo a Unctad, quem sugere
que o aumento do nível de comércio poderia, sozinho, tirar os
LDCs da pobreza ignora o fato de
que o comércio já representa 43%
da atividade econômica desses
países, porcentagem semelhante
às dos países desenvolvidos.
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