São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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EUROPA

Candidato a premiê, Stoiber celebra derrotas do centro-esquerda na Europa e diz que o "nonsense" na Alemanha vai acabar

Direita alemã vê fim da social-democracia

DA REDAÇÃO

O conservador alemão Edmund Stoiber se livrou de sua imagem contida com um discurso feroz ontem, dizendo que a era da social-democracia na Europa estava no fim e exortando a derrota do chanceler (premiê) da Alemanha, Gerhard Schröder, nas eleições de 22 de setembro.
"A era da social-democracia na Europa está chegando ao fim: Espanha, Áustria, Itália, Noruega, Dinamarca, Portugal, Holanda e, agora, França", disse o candidato no congresso da CDU (União Democrata Cristã, centro-direita).
Stoiber, que, segundo analistas, costumava passar uma imagem enfadonha em aparições públicas, fez um discurso emocionado, temperado com alusões a sua mulher, seus filhos e sua "pátria".
Stoiber disse que apoiava "um patriotismo esclarecido, uma ligação positiva com a nação alemã".
O candidato, que já afirmou se opor a uma "misturada" de culturas, disse que cidadãos comuns já estavam lidando com "o pesado fardo adicional" da integração de estrangeiros na sociedade e que o país não pode aceitar o plano do governo atual de permitir a entrada de mais imigrantes.
"Nossa sociedade não tem como lidar com isso. A Alemanha tem de limitar e regulamentar a imigração", afirmou.
A posição foi reiterada por outros conservadores, e Friedrich Merz, favorito para o Ministério das Finanças em um possível governo conservador, foi além.
"Nosso objetivo central deve ser integrar 4 milhões de desempregados no mercado de trabalho. Não há espaço para trabalhadores imigrantes de fora da União Européia até que tenhamos preenchido o 1,5 milhão de vagas na Alemanha", disse Merz.
O suor escorria pelo rosto de Stoiber, manchando o colarinho de sua camisa, enquanto ele exortava os delegados a se unir em um esforço para derrubar o governo "vermelho e verde" de Schröder nas eleições deste ano.
"Em 96 dias, esse nonsense vermelho e verde em Berlim terá acabado. Nós acreditamos nisso e as pesquisas mostram que os alemães também acreditam. Em 96 dias, a Alemanha vai começar a se mover de novo", disse Stoiber.
Ele também acusou seu oponente, que tem um perfil mais midiático, de fracassar em cumprir suas promessas nas áreas fiscal, econômica e relativas à educação e à reforma da Previdência.
"Há anos Schröder sacudiu os portões da Chancelaria e disse: "Deixem-me entrar". Meus caros amigos, agora é a hora de expulsá-lo", afirmou Stoiber, 60. Cerca de mil delegados reunidos no salão aplaudiram de pé o governador da Baviera por 12 minutos.
Segundo pesquisas de opinião recentes, os conservadores estão na frente da coalizão do Partido Social-Democrata com os Verdes, e analistas políticos dizem que a corrida deve ser decidida pela preferência pessoal dos eleitores por Stoiber ou Schröder.
O discurso marcou um avanço evidente em relação às aparições prévias de Stoiber. Sua candidatura teve um mau começo, quando ele gaguejou e teve brancos durante o mais popular programa de entrevistas da Alemanha, pouco depois de sua nomeação.
Ele tem trabalhado duro para melhorar sua imagem desde então. Desde que contratou o ex-editor de jornais Michael Spreng como assessor de imprensa, seu desempenho na mídia melhorou.


Com agências internacionais


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